sexta-feira, 22 de abril de 2011

Entrevistas em campo minado, por Denise Bobadilha

As grandes empresas já não escolhem os futuros empregados usando fórmulas consagradas. Em vez de perguntas manjadas, aplicam um teste de paciência (a seleção pode durar meses!) e propõem desafios cabeludos. Você está preparada para isso? Nossa reportagem entrega os segredos para se dar bem.
Por Denise Bobadilha

 

Qual é o seu maior defeito?

Como você se vê em cinco anos? Se espera responder a perguntas como essas na sua próxima entrevista de em prego, esqueça. Os processos seletivos nas grandes empresas mudaram bastante nos últimos tempos. Eles estão mais longos, mas também mais democráticos: o que conta é quem você é e o que pode oferecer para a companhia, e não o que tem a dizer durante a entrevista. "Antes, as pessoas se preparavam para a entrevista, não para o cargo", com para Augusto César Calado da Costa, diretor-geral da consultoria de recursos humanos Manpower, em São Paulo. As perguntas ficaram tão conhecidas que era possível até treinar respostas que supostamente agradavam aos entrevistadores. "O método se esgotou", resume. A palavra de ordem hoje nas grandes companhias é "entrevista por competência". As maneiras de aplicar essa avaliação variam, mas o objetivo é o mesmo: colocar o candidato em situações que ele pode enfrentar na nova função. Não literalmente, claro. Na maioria dos casos, isso é feito em forma de perguntas que mostram desafios hipotéticos ou reais do cotidiano da empresa e investigam como o candidato faria para resolvêlos. Há três anos, a multinacional Unilever aplica um método inovador para selecionar os trainees em seu programa anual. Os concorrentes - 28 mil para 30 vagas no ano passado - enfrentam primeiro um jogo virtual, disponível na internet.
Esse teste, que pode ser feito até em casa, simula uma típica situação do ambiente de trabalho. Se concluído com sucesso, o jogo leva o candidato à etapa seguinte do processo, que tem uma média de três dinâmicas de grupo e quatro entrevistas feitas sempre por uma dupla diferente de funcionários. As perguntas avaliam, entre outras coisas, conhecimentos gerais (a opinião do entrevistado sobre algum escândalo político atual, por exemplo) e as técnicas que utiliza para resolver dificuldades profissionais. "Procuramos em todas as etapas as competências que são adequadas à vaga, cotante  meçando pelo jogo virtual", explica Vera Durante, diretora de recursos humanos da empresa. Com pouca rotatividade, a companhia investe pesado no programa de estagiários e trainees: são quatro meses de trabalho apenas para elaborar as etapas de seleção. Segundo Vera, a Unilever não costuma buscar profissionais para cargos superiores no mercado com muita freqüência justamente porque tem um processo bem afinado de seleção. "Encontramos pessoas que fazem carreira dentro da empresa."

Perguntas pertinentes

Quanto mais conceituada a empresa no mercado, mais gente quer trabalhar ali - e, portanto, maior a necessidade de ferramentas precisas de seleção. A Siemens, uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil de acordo com o ranking de 2006 da revista EXAME, procura cinco grupos de habilidades básicas, entre elas capacidade de executar tarefas e de superar desafios, que são checadas logo na primeira entrevista. "O candidato tem que citar exemplos de situações que enfrentou na vida profissional", explica Daniella Camara, analista de recursos humanos sênior da companhia. Para se colocar entre os 10,3 mil funcionários brasileiros da multinacional, o concorrente passa por três ou quatro entrevistas feitas por pessoas diferentes (inclusive futuros chefes ou pares de trabalho). E como saber se você possui essas competências? Em primeiro lugar, é bom lembrar - embora possa parecer óbvio - que, se você está de fato preparada para o cargo que busca, provavelmente preenche os requisitos. Mas é importante ter em mente não apenas o que a empresa quer, mas o que você procura. "O candidato também tem direito a respostas", diz Eliane Aere, diretora de RH da Ticket Serviços, do Grupo Accor. "Ele pode avaliar a empresa e ver se está de acordo com o que deseja para sua carreira fazendo perguntas pertinentes ao entrevistador e, assim, mostrando interesse." Só não vale perguntar o feijão-com-arroz: todos os entrevistados para esta reportagem afirmaram que é fundamental estar informada sobre o posicionamento da empresa an tes de se apresentar para o primeiro contato profissional.

Valores pessoais


O  processo da Ticket Serviços envolve de cinco a oito entrevistas (dependendo do cargo), feitas por funcionários em posições diferentes. "O processo seletivo pode ser subjetivo, de forma que quanto mais pessoas envolvidas melhor", pondera Eliane. Essa pluralidade de encontros ajuda a avaliar os diversos aspectos da pessoa. Às vezes um candidato pode parecer tímido demais na primeira conversa e, depois, se soltar e mostrar que tem capacidade para assumir a função. O contrário também vale - alguém que se dá muito bem no início, mas acaba decepcionando. "É possível mudar uma primeira impressão desde que ela não seja gritante", acredita Maria Aparecida Fonseca, diretora de RH do Grupo Pão de Açúcar. Com quase 70 mil funcionários, o grupo trabalha com tipos variados de processos seletivos, conforme os cargos. Para posições de nível superior, a empresa costuma aplicar, em média, quatro entrevistas. A primeira já avalia competências específicas para a função usando ferramentas como exames grafológicos, testes psicológicos, de conhecimento técnico, de conhecimentos gerais, de raciocínio lógico, de poder de análise, de comunicação, de riqueza de vocabulário, domínio matemático etc. "Dependendo do cargo, temos até uma avaliação ética", complementa Maria Aparecida.
Os valores dos candidatos também estão em voga nos métodos atuais de seleção. As empresas procuram pessoas que estejam de acordo com a filosofia da empresa. Esse é um conceito muito amplo: para algumas empresas, a filosofia pode ser apenas "aqui se trabalha até tarde da noite"; para outras, "é preciso ter responsabilidade social e ambiental". Aí entra, novamente, o conselho de conhecer bem a empresa antes da entrevista. Ética é também ser verdadeiro e jamais fingir algo que não é. Ou seja, para se dar bem no novo modelo de processo seletivo, basta ser você mesmo - na sua melhor forma.

Parece um quebra-cabeça

Fez barulho há alguns anos o "método Microsoft" de avaliação. Na sede da empresa americana, em Seattle, os candidatos passam por testes de lógica, alguns praticamente impossíveis de resolver, outros relativamente fáceis, como este: por que as tampas de entrada de redes de esgoto são redondas e não quadradas? De acordo com William Poundstone, autor do livro COMO MOVER O MONTE FUJI? - COMO A MICROSOFT ESCOLHE SEUS PENSADORES MAIS CRIATIVOS (ED. EDIOURO), a empresa de Bill Gates recebe mais de 12 mil currículos por mês, o que a fez afunilar o processo. "Técnicas convencionais de entrevista falham quando a profissão muda depressa", escreveu Poundstone. Nesse caso, porém, a Microsoft não revolucionou os costumes mundiais: o método só funciona para algumas áreas. "Você pode descobrir um gênio da lógica, porém despreparado para determinada função", opina Eliane Aere, do Grupo Accor. Pensando ainda nas tampas de esgoto? Há mais de uma resposta: uma tampa redonda pode rolar para ser transportada; a rede de esgoto é redonda porque é mais fácil fazer buracos redondos.

A vaga é sua!

- O CURRÍCULO
Nunca, jamais, em hipótese alguma, minta ou altere uma informação. Se o seu inglês não é fluente, você não fará milagre aprendendo a língua até a data da entrevista. Elimine o excesso de informações: se fez um curso de barista e pleiteia uma vaga como advogada, deixe a experiência de lado nesse primeiro momento.

- A DINÂMICA DE GRUPO
É uma prática comum quando há muitos interessados. Vista-se bem e seja você mesma, sem forçar comportamentos. Você está sendo observada o tempo todo, portanto nada de brincadeirinhas ao lidar com concorrentes.

- A PRIMEIRA ENTREVISTA
Não queira parecer íntima do entrevistador - comunique-se naturalmente. Respostas prontas e de coradas pegam mal. "Também é frustrante quando o candidato fica em cima do muro: é preciso ter opinião sobre os assuntos", aconselha Vera Durante, da Unilever.
- AS OUTRAS ENTREVISTAS
Estude tudo que puder sobre a empresa, consultando a internet e veículos especializados. Se o entrevistador der espaço, mostre interesse fazendo perguntas pertinentes (nada de indagar sobre a política da empresa nos feriados prolongados!). Caso seja desafiada com alguma questão de lógica, não se desespere: saiba que será avaliada pelo raciocínio usado para chegar à resposta, mesmo que ela esteja errada. Procure usar roupas adequadas, sóbrias, com as quais se sinta bem. "A pessoa não precisa vestir algo que nunca pôs antes e que não a deixa à vontade", diz Maria Aparecida, do Grupo Pão de Açúcar.

Foto modelos Marjorie Locke e Miro Moreira, Elite, Karine Basilio.







sábado, 16 de abril de 2011

Maurits Cornelis Escher - Vale a pena conferir!

    Exposição

    Local e horário

    Centro Cultural Banco do Brasil

    Endereço: Rua Álvares Penteado, 112
    Tel.: (011) 3113-3651 / (011) 3113-3650
    Quando: (Ter, Qua, Qui, Sex, Sáb e Dom) Acontece de terça a domingo e feriados das 09h00 às 20h00. Grátis. Estacionamento com serviço de van na Rua da Consolação, 228 - R$ 10,00 por cinco horas, de terça a domingo. De 19/04 a 17/07.

    Mais informações

    Resenha por Meriane Morselli:

    Celebrado nome da gravura no século XX, o holandês Maurits Cornelis Escher (1898-1972) possuía um estilo único. Uma de suas características mais marcantes eram os padrões geométricos criados para entrelaçar uma imagem a outra, a exemplo das xilogravuras Metamorfose I e Céu e Água I, ambas dos anos 30. Com rigorosos efeitos ópticos, o artista representou também construções impossíveis, como na litografia Côncavo e Convexo (1955). Esses e outros 92 trabalhos integram a retrospectiva O Mundo Mágico de Escher, o maior conjunto de sua produção já exibido no país. Ela será aberta ao público na terça (19/04), no Centro Cultural Banco do Brasil, depois de passar por Brasília e Rio de Janeiro. As peças tomam os três andares do histórico prédio da região central junto de dez instalações interativas. Entre elas, a Sala da Relatividade, capaz de aumentar ou diminuir a altura do visitante por meio de um truque de perspectiva. Um filme em 3D de sete minutos complementa a mostra. De 19/04/2011 a 17/07/2011.

    sexta-feira, 8 de abril de 2011

    Ataque à escola do Rio de Janeiro é um marco para acontecimentos semelhantes?

     Apesar da tragédia na manhã desta terça (7) deixar pais, crianças e professores em choque, Renato Alves, especialista do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, afirma: “A escola ainda é um ambiente seguro”.
    Ana Paula Pontes


    CRESCER - Há como explicar por que esse tipo de tragédia acontece?
    RENATO ALVES -
    Não conheço estudos sobre esse tipo de situação na escola porque é atípica, diferente do que acontece com mais frequência, como conflitos entre professor e aluno, bullying. As pesquisas são feitas a partir de incidências, e esse é um caso isolado no país e com uma pessoa com problema mental.


    CRESCER - Um ataque à escola como esse nunca aconteceu no país? E pode ser um precedente para outros sociopatas?
    R.A. -
    Se falarmos em grandes centros urbanos, nunca houve casos, mas o Brasil é enorme, então pode ser que não ficamos sabendo de coisas que acontecem em cidades pequenas. É fato que a tragédia é o rompimento de uma fronteira, mas não quer dizer que vai ser regra. A escola continua sendo um espaço seguro. O que choca, claro, é a brutalidade da situação, que entra para o plano das coisas possíveis. Mas, se olharmos para o número de alunos e escolas que temos no país, vemos que é uma exceção.

    CRESCER - Nos Estados Unidos, há instituições com detectores de metais. Que medidas de proteção à escola seriam necessárias?
    R.A. -
    Detector de metais? É não cortar o mal pela raiz. Em primeiro lugar, tem que haver uma política séria de controle do acesso a armas. Como uma pessoa com desequilíbrio mental tem acesso a tanta munição? Ou está muito fácil ou o controle é falho. Outro ponto que merece ser revisto é como é feito o controle de uma pessoa ao espaço interno da escola. A criança precisa ser protegida. E depende de um conjunto de fatores, que englobam políticas governamentais, controle de armas e da escola em monitorar pessoas externas que entram na instituição. O que acontece nas cidades americanas, por uma série de motivos, é diferente do Brasil, como o acesso às armas e o fato de ser uma sociedade mais competitiva, algo estimulado , muitas vezes, dentro da própria escola. Lá, xingar a mãe é menos ofensivo do que chamar você de fracassado. Por isso, há tantos casos de quem sofreu bullying que se revolta e atira contra o professor, os colegas.


    CRESCER - Todos nós ficamos com a imprensão de que nem onde se educa há segurança para as crianças...
    R.A. -
    Como eu disse, a escola ainda é um espaço seguro, um espaço de educação no sentido da palavra, que é conviver com o outro, lidar e tolerar as diferenças. É lá que a criança pode desenvolver tudo isso. Devemos lembrar que há bullying, descompromisso de alguns professores com a educação, drogas e outros problemas corriqueiros, que podem não chocar tanto quanto as mortes das crianças nessa escola no Rio, mas que também são graves.


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