sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Para a 1ª Série e 2ª Série do Ensino Médio Camilo
Assistam ao vídeo e reflitam sobre o mesmo.
Atividade será realizada em aula.
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Entrevista Mundo Jovem - Mídia: Enfoque perversos sobre a violência
Entrevista com Carlos Gadea, publicada na edição nº 439, agosto 2013 no Jornal Mundo Jovem.
Mídia: enfoques perversos sobre a violência
Carlos Gadea
Doutor em Sociologia Política, professor na Unisinos, São Leopoldo, RS. cgadea@unisinos.br
As mídias dão grande ênfase à participação de adolescentes e jovens
como propulsores dos índices de violência, e pouca ênfase ao fato de que
eles são as maiores vítimas da violência que se pratica no país. Diante
desse paradoxo e da propagação da ideia de que medidas punitivas, e não
educativas, reduzirão a violência, conversamos com Carlos Gadea, doutor
em Sociologia Política, professor na Unisinos, São Leopoldo, RS. Gadea
pesquisa a temática da violência urbana e juventude, numa parceria da
Unisinos com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado do Rio
Grande do Sul.
-
Por que as mídias dão tanta ênfase à participação de adolescentes e jovens como atores da violência?
Parece paradoxal, mas digamos
que as sociedades contemporâneas estão com um debate que remete à
questão da insegurança, que está ligado à violência. Então a política de
segurança pública preocupa os governos. Embora tenhamos índices grandes
de homicídio, e que têm a ver com a população jovem, há um outro tipo
de violência crescente: são as novas dinâmicas da violência urbana, que
estão relacionadas ao consumo e ao tráfico de drogas. Agora, é
superdimensionada a mentalidade de relacionar a violência ao jovem. Até
porque nos últimos anos se tem uma onda de programas de TV,
principalmente em algumas redes nacionais, em que se incentiva essa
questão de estigmatizar. E isso tem uma enorme repercussão: a forma como
a mídia aborda o tema da violência e da droga e assim associa a
juventude à violência.
-
Existe uma associação direta entre ocorrência de homicídios e o tráfico de drogas?
O homicídio é talvez o que
mais preocupa hoje a política de segurança pública. Antes se trabalhava
com a falsa associação entre homicídio e droga e agora, quando se tenta
isolar um elemento do outro, se propaga que os homicídios, em grande
maioria, são ajustes de conta. Geralmente se começa a fazer o tratamento
de diminuição dos homicídios a partir de uma política para diminuição
das drogas. Mas não se trata apenas do consumo da droga. Trata-se de
todo um sistema de tráfico, uma rede muito maior do que a questão da
dependência e do consumo da droga. O homicídio é um elemento que tem que
ser analisado isoladamente.
As principais vítimas do homicídio são jovens e também negros. Há tempos
atrás a idade das vítimas estava entre 20, 24 anos. Agora, tem
diminuído: começa dos 18 aos 21 anos. Outra coisa interessante é que os
jovens vítimas de homicídio já têm em média três anos em que se
envolveram em alguma ocorrência (furto, roubo, lesão corporal), alguma
passagem pela polícia e já constam no cadastro. Curiosamente, o tráfico
começa a aparecer depois. Geralmente, não iniciaram sua vida na
ilegalidade dentro do tráfico; começaram com outros tipos de
contravenção, ou seja, não entram na delinquência necessariamente pelo
tráfico de drogas e sim por outros elementos típicos de situações
econômicas excludentes e por convivência em ambientes não muito
favoráveis.
-
Existe uma exposição da mídia do jovem como violento. Que efeitos isso traz para a sociedade?
É bem complexo. Se olharmos
para os dados quantitativos, veremos que meninos que entram em ações
socioeducativas são um percentual baixo com relação ao que
potencialmente poderiam fazer no mundo dos delitos pela situação
socioeconômica em que vivem. Poderia haver mais jovens no mundo do
delito do que há. Não dá para se alarmar quando se examina a
porcentagem, pois são apenas 8% de jovens (até 24 anos) os protagonistas
de delitos. Outros dados interessantes: 90% dos jovens que cometem
delitos são solteiros; 40% das vítimas de homicídio estão na
informalidade e 60%, com empregos formais.
Quem escuta na TV o termo menores já faz uma cadeia de significados,
geralmente negativos, e que têm a ver com o mundo do delito. Menor é
igual a delito. Às vezes, esse menor não cometeu delito, mas já foi
enquadrado como suspeito por causa dessa lógica que está disseminada. E
assim está se condenando a que entrem cada vez mais jovens num sistema
prisional falido, enquanto que o Estado ainda poderia salvar de uma
forma ou outra a estes jovens.
Quanto à mídia, há diversos programas que, do ponto de vista dos
direitos humanos, estão repletos de palavras com conotações racistas,
estigmatizantes, que degradam o ser humano, que expõem a miséria humana e
ainda lucram com isso. Porque é um grande mercado de criar notícias,
são narrativas que constroem uma falsa realidade e fazem com que as
pessoas façam associações negativas quando ocorrem determinados
episódios.
-
Quando se fala desses programas que extrapolam a violência, dizem que há um público que aprecia isto.
É verdade. E isso já foi
estudado pela Psicologia Social. As pessoas das camadas populares
justamente prezam mais se distinguir dos que são iguais a eles, porque
estão ferrados. Se, de alguma forma, alguém pode se destacar do grupo
que está todo ferrado, melhor. Então quando uma pessoa assiste a esse
tipo de programa e reage de maneira discriminatória, de certa forma é
para buscar autoafirmação, se dizendo melhor do que aquele que está
sendo apontado. Por isso a classe média não se interessa tanto por esse
tipo de programa, porque ela não se compara com essa classe que está
sendo estigmatizada. É esse espelho socioeconômico que nutre esse tipo
de programa. Tudo está muito bem pensado para atingir determinado
público.
-
Essa cultura da violência está alimentada também por outros produtos da mídia, como novelas, por exemplo?
A violência, hoje, já não
pode ser mais interpretada como o desvio de algo. Tenho abordado a
questão de como os movimentos sociais e as ações coletivas, hoje, apelam
para a violência. Mas não a violência no seu sentido em si, mas a
violência como linguagem, como algo que torna possível a unidade de um
coletivo que não existia. E daí se juntam e há um momento de violência
quando experimentam a coesão. Então a violência se torna algo
estruturante de qualquer ação. Também a violência na vida cotidiana tem
que ser analisada como a gente fazendo parte do mundo e não fora do
mundo. A violência, de fato, nunca saiu do cotidiano. O que acontece é
que agora está extrapolada.
Quanto mais legislação, quanto mais repressão, quanto mais mecanismos de
controle que temos neste mundo contemporâneo, mais aumenta a violência.
Parece paradoxo. E cada um de nós também é elemento da violência,
consumidor dela, porque estamos nesta realidade. Estamos num mundo
competitivo, que nos exige que sejamos mais belicosos, não no sentido de
praticar a violência, mas nos torna mais conflitivos.
Estamos construindo uma cultura em que o contato direto, físico, está
mais distante, ou seja, é o fenômeno da midiatização da sociedade. Há
temor, desconfiança do outro. Por um lado, as informações são
importantes, mas, por outro, o excesso delas gera predisposição à
desconfiança do outro. As pessoas não se aproximam, e isso tem a ver com
o modo como a violência circula ali.
-
Por que é tão difícil encontrar soluções para sanar o problema da violência?
Parece que os representantes
da política estão paradoxalmente afastados da realidade das comunidades.
Digo paradoxalmente, porque eles provêm das comunidades, mas parece que
não têm uma boa leitura dos interesses e das necessidades das
comunidades no momento de criar políticas públicas.
Cada vez que se fala em políticas públicas para a juventude, se pensa
sempre no mesmo paradigma: que a solução seria através do mercado de
trabalho, como se fosse a salvação. Então se promovem cursos
profissionalizantes (garçom, apertador de parafusos, porteiro), mas
nunca se pensa em possibilitar algo mais qualitativo (línguas,
informática etc.). Ou seja, se prepara jovens para serem subalternos.
Outro paradigma é o do esporte: jogar futebol, gastar energias ou ficar
sob uma árvore tocando guitarra. O esporte é para corpos que tenham
possibilidade para o esporte, mas e os que não têm? Então, criam-se
políticas com aspectos positivos, mas ao mesmo tempo é hora de pensar
outras coisas: o mundo tem outros lados. As possibilidades são para
alguns, mas não para os que estão mais vulneráveis. Estes continuam sob a
tutela de ONGs ou até do Estado, que repassa dinheiro e mais dinheiro e
acaba sustentando essa situação.
Horizontes na superação da violência
Uma forma mais adequada no objetivo da superação da violência e da
estigmatização da juventude é mudar de paradigmas e trabalhar com a
cultura digital. Isso se chama paradigma das intervenções urbanas. É o
que acontece em Medellín, na Colômbia, por exemplo, onde existem
parques-bibliotecas. Não se trata de colocar bibliotecas, mas estou
citando analogamente este modelo para se tentar implantar aqui algo
semelhante. Seria um espaço onde teríamos livros, computadores, cursos
de informática, cursos de inglês, já para crianças a partir de oito
anos. Haveria redes sociais, jogos para aprender a linguagem digital;
onde aprenderiam a pintar, desenhar; onde se fariam jornais e outros
meios de comunicação.
Esse espaço teria que ser um prédio bonito esteticamente, iluminado, com vidros, com cores bonitas, com pinturas de artistas nas paredes, para que isso entre na cultura dos jovens. Que seja também um ambiente onde as pessoas do bairro possam se reunir para deliberar sobre algum problema, e também trabalhar com projetos que os jovens possam desenvolver nas comunidades sobre as temáticas que eles consideram importan¬tes. Por exemplo, a temática do lixo, a recuperação de uma praça, uma grife de roupa, a criação de um blog na internet com as notícias do bairro. Os melhores projetos seriam premiados com um valor em dinheiro para financiar novos projetos.
O que mais falta a estas pessoas é capital social, ou seja, a capacidade de estar em redes, com relações que lhes possibilitem sair de determinadas situações. O Estado precisa capacitar o jovem de forma que o mundo se abra para ele. Não tem que se dar as coisas, mas os meios para consegui-las. E hoje se tem a linguagem digital. Ou seja, estamos falando do que é básico, como a cultura digital, a língua inglesa e o incentivo à leitura.
Em Medellín diminuíram em 70% a violência nas favelas, em três anos, oferecendo local e possibilidades para as crianças estarem na internet pesquisando, fazendo trabalhos de aula, ocupando um espaço físico interessante, aberto, bonito, enquanto os pais estão no trabalho. A premissa é “o melhor para os que mais necessitam”. Além, é claro, dos elementos secundários que se abrem a partir da cultura digital, como os laços sociais, o diálogo e a solidariedade.
Esse espaço teria que ser um prédio bonito esteticamente, iluminado, com vidros, com cores bonitas, com pinturas de artistas nas paredes, para que isso entre na cultura dos jovens. Que seja também um ambiente onde as pessoas do bairro possam se reunir para deliberar sobre algum problema, e também trabalhar com projetos que os jovens possam desenvolver nas comunidades sobre as temáticas que eles consideram importan¬tes. Por exemplo, a temática do lixo, a recuperação de uma praça, uma grife de roupa, a criação de um blog na internet com as notícias do bairro. Os melhores projetos seriam premiados com um valor em dinheiro para financiar novos projetos.
O que mais falta a estas pessoas é capital social, ou seja, a capacidade de estar em redes, com relações que lhes possibilitem sair de determinadas situações. O Estado precisa capacitar o jovem de forma que o mundo se abra para ele. Não tem que se dar as coisas, mas os meios para consegui-las. E hoje se tem a linguagem digital. Ou seja, estamos falando do que é básico, como a cultura digital, a língua inglesa e o incentivo à leitura.
Em Medellín diminuíram em 70% a violência nas favelas, em três anos, oferecendo local e possibilidades para as crianças estarem na internet pesquisando, fazendo trabalhos de aula, ocupando um espaço físico interessante, aberto, bonito, enquanto os pais estão no trabalho. A premissa é “o melhor para os que mais necessitam”. Além, é claro, dos elementos secundários que se abrem a partir da cultura digital, como os laços sociais, o diálogo e a solidariedade.
Fonte:http://www.mundojovem.com.br/entrevistas/edicao-439-midia-enfoques-perversos-sobre-a-violencia
quinta-feira, 14 de junho de 2012
O circo chegou, por Danuza leão
Como é que se vai vestida a uma Fashion Week? Eis um problema.
Toda de preto e oclão? Nem pensar. Modete? Nãão. Bolsona? Nãããão. Mas,
afinal, o que é que está se usando agora? Não sei, ninguém sabe. Então,
como ir vestida? De nada.
O clima no pavilhão da Bienal é bááárbaro; mulheres lindas de 1m90 de
altura, 37 cm de cintura, 64 cm de quadris e 1m20 de perna. De chorar
(de inveja).
De dois em dois minutos passam bandejas com guloseimas e bebidinhas (sem
álcool); de três em três, alguém te convida para fazer uma maquiagem
superfashion, e de repente não há mais lugar nos braços para todas
aquelas pulseirinhas, que funcionam como convites para ingressar no
paraíso e assistir aos desfiles.
Nem tente arranjar uma cadeira na primeira fila. Elas existem para os
alguéns. No mundo da moda, é simples assim: quem não é alguém não é
ninguém, e um ninguém, diga-se de saída, é capaz das maiores baixarias
para ser considerado um alguém.
Cuidado, pois para ter um lugar ao sol dos holofotes, os golpes podem ser baixíssimos.
Os poucos eleitos que conseguem acesso à linha de frente entram em um
universo onde tudo (de bom, é claro) pode acontecer: fotos, entrevistas
para jornais, revistas e canais de televisão.
O mundo quer saber o que você pensa, o que você acha de toda e qualquer coisa: da moda, da CPI, da situação no Oriente Médio.
Entrevistados não ouvem as perguntas dos entrevistadores, que também não
se importam em ouvir as respostas -e, para ser franca, nem precisa. Pra
quê?
Enquanto São Paulo dá um show de mulheres bonitas e estilistas
criativos, no Rio homens de terno escuro e gravata se reúnem para
debater vagamente sobre o desenvolvimento sustentável. Quem diria...
Sem dúvida, a São Paulo Fashion Week é muito, muito luxuosa. Mas me pergunto: será que essa conta se paga?
Fonte: Folha S.Paulo
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