terça-feira, 31 de março de 2009

A necessidade de um método científico

“Se eu lhe dissesse que o tempo passa mais devagar no primeiro andar de um prédio do que no último, você:

a) acreditaria na minha palavra, afinal eu devo saber o que digo para estar a escrever um artigo;

b) não acreditaria; é muito absurdo para ser verdade;

c) acreditaria; um amigo seu já teve essa sensação antes;

d) não acreditaria; não há nada na Bíblia sobre isso;

e) acreditaria, pois você conhece a Teoria da Relatividade de Einstein que diz que o tempo passa mais devagar próximo de campos gravitacionais, mas sabe que a diferença em questão é tão pequena que só pode ser sentida por relógios de altíssima precisão.

Mais importante do que a sua resposta à pergunta é a questão que se origina dela: quais os critérios que você usa para decidir no que acredita ou não? Você sempre aceita a palavra das autoridades no assunto? (mesmo daqueles que se auto-intitularam autoridades?) Baseia as suas crenças no "bom senso comum"? (e acredita que o seu senso é bom e comum?) Acredita no que a maioria das pessoas acredita (afinal alguns milhões de pessoas não podem estar erradas)? Confia suas crenças a respeito da natureza a livros sagrados de alguma religião? Não acredita em nada mas também não é muito rápido em duvidar, pois segundo Shakeaspeare "há mais no céu e na Terra do que sonha nossa vã filosofia"? (ou seja, permanece num estado de stand by crédulo?).

A Ciência é a esfera da actividade humana responsável por investigar o mundo ao nosso redor. Neste papel, assim como você, ela depara-se o tempo todo com alegações sobre as quais deve decidir se "acredita" ou não. Mas é claro que a responsabilidade da ciência é muito maior do que a sua, pois o conhecimento obtido por ela será usado para medicar pessoas, construir reactores nucleares, manipular geneticamente alimentos e seres humanos, tentar contactar vida extraterrestre e muitas outras actividades que têm profundo impacto na raça humana.

Na tarefa de descobrir a verdade, dentro de sua esfera de actuação, a ciência precisa de critérios claros, métodos de investigação precisos que descartem as ilusões dos sentidos, os preconceitos, as crenças pessoais (religiosas ou não), as superstições de todo o tipo. A ciência precisa de um método científico.


As leis científicas


O que chamamos de leis da natureza não são leis no sentido usual da palavra. Veja a Lei da Gravidade por exemplo. Alguém se equilibra sobre uma corda estendida entre dois arranha-céus e logo se diz que ele está "a desafiar a lei da gravidade" (quando na verdade não poderia fazer o que faz se não fosse por ela). As leis da física não podem ser "desafiadas", como as leis legisladas no nosso mundo. Uma lei física é um estatuto do qual temos uma forte sensação que seja verdadeiro e que até o momento não foi contraditada por nenhuma experiência humana.

Se por um lado este estado das coisas assegura aos cientistas que nenhuma verdade estará livre de contestação, por outro nos impede de assumir qualquer conhecimento como final e definitivo. Uma lei física, ou uma verdade científica, nada mais é portanto que um estado de repouso do conhecimento (o que não deixa de ser um pensamento um tanto pessimista). De qualquer maneira esta postura do método científico, enraizada em sua própria definição, é que garante a investigação constante e vigilante do conhecimento humano.

Vejamos um exemplo: você está na cidade de Belo Horizonte e ao passar pela ladeira conhecida por Ladeira do Amendoim percebe um fenómeno interessante: quando o seu carro é deixado em repouso nesta ladeira, em vez de descer sob a acção de seu peso ele anda para cima! Estarão os carros na Ladeira do Amendoim a desafiar a lei da gravidade?

Se você se propõe a investigar o fenómeno provavelmente pensará em pelo menos quatro hipóteses para explicar o fenómeno: (1) existe algum tipo de força sobrenatural, ou seja, não conhecida pela ciência: mágica, espectral, astral, telepática, telúrica, etc – a puxar o carro para cima; (2) existe alguma força conhecida pela ciência, mas não evidente no momento, a actuar sobre o carro (uma força magnética vinda de algum depósito de minerais, por exemplo); (3) a lei da gravidade está errada ou não se aplica a este local do planeta e deve portanto ser revista; (4) a observação de que o carro sobe não é verdadeira, ou seja, houve um erro na interpretação dos dados, por parte de quem realizou a experiência.·
Qualquer uma das quatro hipóteses (ou outra que se possa imaginar) poderá ser considerada e deverá ser testada; o que um investigador munido do método científico não poderá fazer é desconsiderar o facto observado com o argumento de que "a lei da gravidade é uma lei da natureza bem estabelecida e acima de qualquer dúvida".

Bem, se você examinar o fenómeno até o fim chegará à conclusão de que a hipótese (4) é a verdadeira; a disposição das ladeiras próximas a Ladeira do Amendoim e a dela própria criam a ilusão de que o carro está a subir quando na verdade ele desce normalmente, como em qualquer outra ladeira do mundo. A Lei da gravidade está a salvo (por enquanto).


Como funciona o método científico


Vamos nos permitir alguma liberdade criativa e imaginar que um alienígena recém-chegado à Terra, interessado em conhecer os nossos costumes, decide ir ao Maracanã assistir a uma partida de futebol. Certamente no início da partida o ET ficaria bastante confuso, vendo todas aquelas pessoas a correr atrás de uma bola, e muito intrigado ao ver como alguns jogadores ficam tão sensíveis quando ela se aproxima demais daquelas redes localizadas nas extremidades do campo. Mas ao longo da partida, percebendo que alguns lances se repetem e têm sempre o mesmo desfecho (por exemplo, a partida é sempre interrompida quando a bola sai dos limites traçados no campo), ele provavelmente formularia algumas hipóteses sobre o jogo: "será que o objectivo é enviar a bola o mais distante possível?", ele talvez pensasse isso após assistir um infeliz remate de fora da área; "ou talvez o objectivo seja matar o humanóide que tem a bola", pensaria ao ver um defesa a aplicar um golpe em tesoura à altura do pescoço de um outro jogador. É quase certo que após algum tempo observando a partida e depois de vários palpites errados, o visitante extraterrestre fosse capaz de compreender a maior parte das regras do nosso futebol.

Pois nós somos como este alienígena. Estamos imersos no grande "jogo" da natureza tentando entender as suas "regras": será que tudo o que sobe desce? Porque as coisas têm cor? Será que a posição que os corpos celestes ocupavam no instante de nosso nascimento podem afectar nossa personalidade? Noutras palavras, ou melhor, nas palavras do físico Richard Feynmann, "Entender a natureza é como aprender a jogar xadrez somente assistindo ao jogo".

Porém ainda que a nossa metáfora seja didática, ela não é completa. Pois nela o ET assiste passivamente ao desenrolar dos lances na partida e propõe hipóteses que somente tem como verificar esperando que se repitam. Nós, por outro lado, não somos meros espectadores da natureza mas participamos dela; podemos interagir com ela realizando experiências.

Claro que isto pode parecer um tanto óbvio. Afinal quando o seu carro não pega pela manhã e você desconfia que a bateria está descarregada, provavelmente testa a sua hipótese tentando acender os faróis ou medindo o potencial da bateria com um voltímetro. Porque seria diferente com a ciência?”


Para refletir:


  1. De acordo com o texto, o que é que caracteriza o método científico? Explicite a sua resposta.

  2. O método científico permite alcançar a verdade científica. Como? Justifique.

  3. O fato de ser provisório, enfraquece o conhecimento científico? Justifique.


Fonte: http://www.espanto.info/f11ner/f21.htm

segunda-feira, 30 de março de 2009

Sociologia 1º Ano - Uma questão de ponto de vista






Algumas coisas mudam de acordo com a forma como olhamos para elas.
Existem muitos exemplos de como vemos as coisas de modo diferente na sociologia em relação à nossa vida cotidiana.
Uma questão de ponto de vista.
E qual o seu ponto de vista?



Sociologia 1º Ano - Espírito Científico


Por Francisco Saiz

"La ciencia reconoce problemas eternos, pero rechaza las respuestas eternas" (Margenau)

O homem é um ser que faz questionamentos existenciais, e que tem que interpretar a si e ao mundo em que vive, atribuindo-lhes significados. Cria representações significativas da realidade, as quais chamamos conhecimento.

O conhecimento, dependendo da forma pela qual se chega a essa representação, pode ser classificado em diversos tipos como, por exemplo, mítico, ordinário, dogmático e científico.

O conhecimento científico é o que é produzido pela investigação científica, através de seus métodos. Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária, mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas.

A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos existentes, originários quer do senso comum, quer do corpo de conhecimentos existentes na ciência, são insuficientes para explicar os problemas surgidos. O conhecimento prévio que nos lança a um problema pode ser tanto do conhecimento ordinário quanto do científico.

Quando o homem sai de uma posição meramente passiva, de testemunha dos fenômenos, sem poder de ação ou controle dos mesmos, para uma atitude racionalista e lógica, que busca entender o mundo através de questionamentos, é que surge a necessidade de se propor um conjunto de métodos que funcionem como uma ferramenta adequada para essa investigação e compreensão do mundo que o cerca. O homem quer ir além da realidade imediatamente percebida e lançar princípios explicativos que sirvam de base para a organização e classificação que caracteriza o conhecimento.

Através desses métodos se obtém enunciados, teorias, leis, que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos fenômenos associados a um problema, sendo possível fazer predições sobre esses fenômenos e construir um corpo de novos enunciados, quiçá novas leis e teorias, fundamentados na verificação dessas predições, e na correspondência desses enunciados com a realidade fenomenal.

O método científico permite a construção conceitual de imagens da realidade que sejam verdadeiras e impessoais, passíveis de serem submetidas a testes de falseabilidade.

A ciência exige o confronto da teoria com os dados empíricos. A teoria deve poder ser submetida a um exame crítico. Segundo Popper, "um enunciado científico é objetivo quando, alheio às crenças pessoais, puder ser apresentado à crítica, à discussão". Um enunciado científico, construído mediante hipóteses fundadas em teorias, deve poder ser contrastado com a realidade, deve poder ser submetido a testes, em qualquer época e lugar, e por qualquer pessoa.

Isso faz com que a investigação científica estimule a criar fundamentos mais sólidos e a testar suas hipóteses de uma forma mais rígida e controlada.

A ciência se vale da crítica persistente que persegue a localização dos erros, através de procedimentos rigorosos de testagem que a própria comunidade científica reavalia e aperfeiçoa constantemente. Esse método crítico de constante localização de dificuldades, contradições e erros de uma teoria, garante à ciência uma confiabilidade.

Popper afirma que "uma explicação é algo sempre incompleto; sempre podemos suscitar um outro por quê, e esse novo por quê talvez leve a uma nova teoria, que não só explique, mas corrija a anterior". Essa auto-crítica sistemática da ciência, que muitas vezes conduz a uma reformulação de teorias, leva dogmáticos a afirmações injustas como: "a ciência nunca tem certeza de nada, o que ontem era verdade para ela hoje já não é mais". Estão certos quanto ao fato de que algumas verdades de ontem não serem mais aceitas hoje. Mas pecam quando generalizam, dizendo que a ciência nunca tem certeza de nada, ou vêem aí uma fragilidade. Ao contrário, é justamente por estar submetida a constantes retomadas de revisões críticas, que uma teoria científica é aperfeiçoada e corrigida, garantindo seu enriquecimento e confiabilidade.

O oposto ao espírito científico é o dogmático, que bloqueia a crítica por se julgar autosuficiente e clarividente na sua compreensão do mundo, e acaba por impedir eventuais correções e aperfeiçoamentos, muitas vezes induzindo ao erro, fraudes, ignorância e comportamento intolerante. É, portanto, errôneo achar que a dogmatização de um conhecimento é superior só porque é imutável.

O verdadeiro espírito científico consiste, justamente, em não dogmatizar os resultados de uma pesquisa, mas em tratá-los como eternas hipóteses que merecem constante investigação.

Ter espírito científico é estar, sobretudo, numa busca permanente da verdade, com consciência da necessidade dessa busca, expondo as suas hipóteses à constante crítica, livre de crenças e interesses pessoais, conclusões precipitadas e preconceitos.

Embora não se possa alcançar todas as respostas, o esforço por conhecer e a busca da verdade continuam a ser as razões mais fortes da investigação científica.

Francisco Saiz é professor de lógica e programação da Fundação Paula Souza, formado em Ciência da Computação pela Universidade Mackenzie, e aluno de mestrado em Inteligência Artificial no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares da USP - Universidade de São Paulo

Fonte: http://br.geocities.com/perseuscm/espiritocientifico.html


domingo, 29 de março de 2009

Sociologia 1º Ano - Senso Comum e características

"O senso comum é um saber que está presente em todas as sociedades e em todos os indivíduos (todos são dotados de senso comum). Mas o senso comum é plural, variando de sociedade para sociedade e modificando-se com o decorrer dos tempos.

O senso comum, enquanto princípio de sociabilidade, constitui o acordo mínimo exigível para que qualquer sociedade funcione como tal; ele assegura a coesão indispensável para que se possa falar de comunidade e de vida coletiva.

Ele é princípio de equilibração, essencial a toda a sociedade, entre a dimensão do indivíduo e a dimensão do coletivo ou dito de outra forma, da sujeição do indivíduo às normas da vida coletivo.

O senso comum é também o senso tradicional. Costumamos dizer: "sempre foi assim" para justificar um procedimento que nos criticam.

O senso comum transporta e naturaliza um conjunto de convenções implícitas ou intrínsecas ao agir humano coletivamente dimensionado. Neste sentido, ele é conducente ou solidário de uma aceitação que assinala uma passividade inerente e indispensável face às exigências práticas e pragmáticas da vida. Como se adquire o senso comum? Ele é fruto da aprendizagem e educação que espontânea e/ou institucionalmente recebemos enquanto membros de uma comunidade."

José Manuel Girão e Rui Alexandre Grácio



As principais características do senso comum

Caráter empírico – o senso comum é um saber que deriva diretamente da experiência quotidiana, não necessitando, por isso de uma elaboração racional dos dados recolhidos através dessa experiência.

Caráter acrítico – não necessitando de uma elaboração racional, o senso comum não procede a uma crítica dos seus elementos, é um conhecimento passivo, em que o indivíduo não se interroga sobre os dados da experiência, nem se preocupa com a possibilidade de existirem erros no seu conhecimento da realidade.

Caráter assistemático – o senso comum não é estruturado racionalmente, tanto ao nível da sua aquisição, como ao nível da sua construção, não existe um plano ou um projeto racional que lhe dê coerência.

Caráter ametódico – o senso comum não tem método, ou seja, é um saber que não segue nenhum conjunto de regras formais. Os indivíduos adquirem-no sem esforço e sem estudo. O senso comum é um saber que nasce da sedimentação casual da experiência captada ao nível da experiência quotidiana ( por isso se diz que o senso comum é sincrético).

Caráter aparente ou ilusório – Como não há a preocupação de procurar erros, o senso comum é um conhecimento que se contenta com as aparências, formando por isso, uma representação ilusória, deturpada e falsa, da realidade.

Caráter coletivo – O senso comum é um saber partilhado pelos membros de uma comunidade, permitindo que os indivíduos possam cooperar nas tarefas essenciais à vida social.

Caráter subjetivo – O senso comum é subjetivo, porque não é objetivo: cada indivíduo vê o mundo à sua maneira, formando as suas opiniões, sem a preocupação de as testar ou de as fundamentar num exame isento e crítico da realidade.

Caráter superficial – O senso comum não aprofunda o seu conhecimento da realidade, fica-se pela superfície, não procurando descobrir as causas dos acontecimentos, ou seja, a sua razão de ser que, por sua vez, permitiria explicá-los racionalmente.

Caráter particular – o senso comum não é um saber universal, uma vez que se fica pela aquisição de informações muito incompletas sobre a realidade ( por isso também se diz que ele é fragmentário ), não podendo, assim, fazer generalizações fundamentadas.

Caráter prático e utilitário – O senso comum nasce da prática cotidiana e está totalmente orientado para o desempenho das tarefas da vida quotidiana, por isso as informações que o compõem são o mais simples e diretas possível.


Fonte: http://www.espanto.info/



quinta-feira, 26 de março de 2009

Prática sociológica - Olhar para o mundo social tem caráter científico e artístico

Operários (detalhe), óleo de Tarsila do Amaral.

Por Celina Fernandes Gonçalves Bruniera

Conhecer um pouco do fazer ciência nas ciências sociais é algo essencial para um aluno do ensino médio com o objetivo de descobrir um olhar para o mundo social. Talvez este seja o primeiro ensinamento que temos ao ingressar no curso de ciências sociais. Trata-se de uma mediação muito significativa para, partindo das grandes construções teóricas, elaborar explicações para questões próprias de outros lugares e de outros homens.

Um aprendizado importante é a própria concepção de ciência. Muitos cientistas sociais não estão atrás de fórmulas e regras gerais capazes de dar conta de diferentes contextos, em diferentes épocas. Isso os distingue da perspectiva de elaborar um saber generalizável e de previsão, que pode ser aplicado a vários casos, como ocorre nas ciências exatas e naturais.

Nas ciências sociais, explicações formuladas com base em configurações sociais particulares não são generalizáveis, mas servem de reflexão para quem busca compreender relações sociais que se dão em outros mundos e criadas, vivenciadas e re-significadas por outros sujeitos.

Distinção entre ciência e arte
Num ensaio marcante, cuja primeira publicação data de 1962, na "Pacific Sociological Review", Robert Nisbet busca aproximar o fazer sociológico e o fazer científico da criação artística. Nisbet fala do que os processos de descoberta e criatividade que marcam esses mundos têm mais em comum: a mesma forma de consciência criativa.

Na Renascença, diz Nisbet, não era possível imaginar uma distinção radical entre a ciência e a arte. A concepção de que o artista e o cientista compõem suas obras de maneiras diferentes e mesmo antagônicas entre si vai surgir no século 19, com os processos de divisão do trabalho inaugurados pela Revolução Industrial.

A visão do século 19
No final desse século já contávamos com a idéia de que a arte tem a inspiração como impulso dos processos criativos, um trabalho de gênio. A ciência, nessa mesma época, colocava o método acima de tudo, era absorvida pela sociedade industrial, pela tecnologia e seus desígnios. As "artes mecânicas" tornaram-se o modelo de concepção de tudo o que era científico.

Essa perspectiva foi marcando o que era crucial para fazer ciência: distanciar-se da intuição livre, da criação e da imaginação para aderir aos procedimentos (métodos e técnicas). A ciência norte-americana foi mais fiel a esse quesito que a da Europa, onde a tradição humanística era mais forte.

A separação entre arte e ciência, no século 19, traz como conseqüência a idéia de que a primeira se preocupa com a realidade e que, para a segunda, o fundamental é exercitar os sentidos. Antes de pensar no quanto isso determina o mundo da ciência, vamos nos voltar para a concepção do fazer artístico embutida nessa idéia. O saber artístico da época era mediado pelo que o artista romântico enfatizava, a distância entre ele e a sociedade.

O fazer artístico
É preciso contextualizar esse fazer artístico do século 19 como uma arte que busca o refúgio nas "fugas solitárias", num mundo em que o propósito social perdia o sentido. Entender a arte, assim, significa deixar de considerar que o fazer artístico também revela o desejo do artista de interpretar e comunicar (tornar comum) sua compreensão da realidade, do(s) mundo(s) em que ele vive.

Nesse sentido, a arte não é reconhecida como "um modo de conhecimento paralelo a outros modos" e despreza-se que a criação artística revele muitas das "sombras que anunciam os eventos que estão surgindo".

A ciência se preocupa com questões que têm raízes na observação empírica e na reflexão. Embora o cientista procure a redução das "tensões das incertezas", revelar o desconhecido não significa que seu trabalho esteja simplesmente voltado a resolver problemas.

A abordagem de Nisbet
Quando o pensamento teórico é suprimido do fazer científico, quando métodos intelectuais são substituídos por técnicas de tabulação, o papel criativo da ciência é reduzido a formular hipóteses verificáveis por meios técnicos e de onde se obtêm generalizações superficiais, que guardam poucas diferenças da "reflexão prática de senso-comum".

Essa abordagem formulada por Nisbet questiona os trabalhos sociológicos que buscam explicar as relações sociais por meio de procedimentos meramente estatísticos. Ela faz, também, uma reflexão acerca de como construímos o objeto de estudo, o objeto de investigação. E isso é relevante para um aluno do ensino médio que está sendo apresentado a um universo conceitual e metodológico de um campo particular.

A visão de Nisbet nos ensina a buscar na teoria a inspiração para a elaboração desse objeto. Não é mera citação ou aplicação de um enfoque concebido por um autor específico para dar conta de uma configuração social particular.


*Celina Fernandes Gonçalves Bruniera é mestre em sociologia da educação pela Universidade de São Paulo e assessora educacional.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/sociologia/ult4264u1.jhtm

Sociologia 1º Ano - A Sociedade está no olhar do observador


A perspectiva sociológica é primeiramente uma perspectiva.

É um "modo de olhar para as coisas", que podemos ver de modo diferente no dia-a-dia ou numa vida não sociológica.

A perspectiva sociológica depende do ponto de vista do sociólogo, do estudante de sociologia, ou de quem quer que esteja a ver (observar) a sociedade.

Maggie Thatcher tinha uma perspectiva muito atomista, exatamente o oposto de uma perspectiva sociológica, quando disse, "A sociedade não existe, apenas os indivíduos existem" .

De modo a ver e compreender a sociedade, o observador deve saber aquilo que procura.

Para além desta perspectiva sociológica, que contrasta com uma perspectiva atomista, em sociologia existem três tipos muito diferentes de perspectivas clássicas, a perspectiva de conflito, a perspectiva funcionalista e a perspectiva simbólica interacionista.


por Phil Bartle e traduzido por Inês Rato


Fonte: http://www.scn.org


quarta-feira, 25 de março de 2009

Mudança Social

Durante a maior parte da história humana – aproximadamente 40.000 anos – mudar era um processo lento. Nossos ancestrais permaneceram caçadores e colhedores, durante milênios. Depois com o desenvolvimento da agricultura, a mudança tornou-se mais comum, mas foi ainda lenta. Agora, durante os últimos trezentos anos, a mudança é constante e incessante. Não pode ser evitada; há poucos lugares para se esconder ou encontrar a “vida mais simples”. Cada geração deve agora viver em um mundo muito diferente do que o anteriores cada vez mais as pessoas mudam de empregos e especialidades durante sua vida. Não podemos mais atingir nossos objetivos com o que aprendemos antes. Tais mudanças rápidas nos obrigam todos a ser diferentes de nossos ancestrais, que puderam desfrutar de uma única forma de viver durante toda a sua existência. Devemos agora nos adaptar a uma nova crença, que foi lançada por nossa cultura e modos de organização.


  1. O ritmo da mudança social vem se acelerando dramaticamente no último século. A mudança pode ser cumulativa, mas a história das sociedades humanas revela repentinas inversões. Esse foi, particularmente, o caso na era agrária.

  1. A mudança pode ser originar de causas culturais, particularmente de: a) inovações tecnológicas; b) novas crenças ou expectativas; e c) difusão de sistemas de símbolos. Tais mudanças culturais estão intimamente ligadas às mudanças nas estruturas, servindo para iniciar as mudanças na estrutura ou, no mínimo, acelerando as mudanças já iniciadas.

  1. As estruturas sociais revelam diversas fontes importantes de mudança, incluindo: a) a desigualdade e o conflito sobre os recursos; b) subculturas que buscam superar desvantagens; e c) instituições que revelam processos que geram suas próprias transformações.

  1. Processos demográficos são também um impulso para a mudança, especialmente transformações no tamanho de uma população, nos padrões de movimento populacional e em sua estrutura etária.

  1. O estudo da mudança está no centro da análise sociológica, desde o início da disciplina até o presente. Teorias e análises foram propostas para explicar a mudança, incluindo: a) teorias cíclicas que enfatizam o movimento de sociedades entre os pólos opostos; b) análise dialética, que demonstram a dinâmica das mudanças inerentes às desigualdades; c) análises funcionalistas, que enfatizam a evolução das formas societárias simples para as mais complexas como um evolucionista, para qual a desigualdade é a força motriz da evolução e mudança social; e e) críticas, quer “pós-industrial” quer “pós-moderna”, sobre as influências da tecnologia e sistemas de informação de ponta, na transformação da sociedade.

terça-feira, 24 de março de 2009

Sociologia 2º Ano - A população brasileira:diversidade nacional e regional.


Leitura e análise de texto:


Paratodos - de Chico Buarque

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho

Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro


Nesta composição Chico faz uma bela analogia entre sua vida, seus ancestrais e vários artistas brasileiros. Proclama sua admiração pela MPB e cita nomes de grandes personalidades do cenário musical:
1- Ari Barroso
2- Bituca (Milton Nascimento)
3- Caetano Veloso
4- Cartola
5- Clara Nunes
6- Dorival Caymmi
7- Edu Lobo
8- Erasmo Carlos
9- Gal Costa
10- Gilberto Gil
11- Hermeto Pascoal
12- Jackson do Pandeiro
13- João Gilberto
14- Jorge Ben
15- Luiz Gonzaga
16- Maria Bethânia
17- Nara Leão
18- Nelson Cavaquinho
19- Noel Rosas
20- Orestes Barbosa
21- Pixinguinha
22- Rita Lee
23- Roberto Carlos
24- Tom Jobin
25- Vinicius de Moraes


Análise a diversidade na música, a diversidade que pode existir dentro de cada um de nós.
Reflita, análise, mas principalmente olhe com um olhar de estranhamento...


Desordem, desvio e divergência

A organização dos homens não é como uma colméia bem-ordenada. A superpopulação, a multidão, a desigualdade, a injustiça, a discriminação, a intolerância e outras forças separatista geram desordem, estimulam o desvio e conduzem as pessoas à revolta. É difícil abrir um jornal hoje em dia sem ver que alguém foi assassinado ou assaltado, algum grupo que está indignado e protestando, alguém que está abertamente se desviando das convenções, ou alguns grupos que se mantêm em conflito declarado ou desafiando a lei. Enquanto podemos censurar esses fatos, ou até mesmo ter medo deles, devemos reconhecer que eles são inevitáveis em uma sociedade grande e urbana, que revela desigualdades, claros padrões de discriminação e notórias injustiças. Sob essas condições, as pessoas ficam indignadas, fazem greve, encontram abrigo no desvio, eles se organizam para protestar, atacam e desrespeitam as convenções, e de diversas maneiras tornam a vida mais caótica e desordenada.


  1. A sociedade está sempre em uma situação incômoda, entre as causas que promovem a ordem e aquelas que causam o desvio, o conflito e a desordem.

  1. Um número de forças inter-relacionadas inevitavelmente pressionam a desordem: a) aumentos no tamanho populacional; b) aumento de diferenciação social; e c) aumento de desigualdade.

  1. No nível de todo social, o controle social é promovido por: a) uma regulamentação governamental; e b) trocas de mercado.

  1. No nível das pequenas organizações sociais, o controle social é promovido pela: a) socialização da personalidade; b) sanção mútua; c) rituais; e d) separação de papéis.

  1. Cada uma das perspectivas teóricas importantes oferece uma análise sobre as causas do desvio. As teorias funcionalistas enfatizam a tensão estrutural entre os objetivos culturais e a distribuição dos meios. As teorias do conflito argumentam que as leis e os procedimentos da sanção ajudam os mais abastados e trabalham contra o pobre. As teorias interacionistas enfatizam os rótulos dados às pessoas e o processo de socialização. E as teorias utilitaristas enfatizam os cálculos de custos, investimentos, envolvimentos e crenças na origem do desvio ou conformidade.

6. A divergência é o processo de protestar contra certos aspectos de uma sociedade. Tal divergência ou dissidência é gerada por desigualdades, que servem como uma pré-condição básica; e então, a dissidência é intensificada quando as pessoas compartilham queixas, formam redes, comunicam, constituem líderes, articulam crenças e sentem relativa privação. Com essas condições prévias e sua intensificação, um número de teorias tem sido oferecido para explicar as explosões coletivas e comportamento de multidão: a) teoria do contágio, que enfatiza a interação face a face dos indivíduos; b) a teoria da convergência, que enfatiza a preparação prévia de indivíduos para atuar dentro de situações de multidões;. C) teoria da norma emergente, que enfatizam que através da interação as pessoas criam normas e situações de multidão, que então orientam seu comportamento. O comportamento de multidão é iniciado com incidentes catalisadores que galvanizam crenças generalizadas, expressando suas indignações. Para tornar-se um movimento social efetivo, a multidão deve dispor de recursos para sustentar suas atividades de protesto.


domingo, 22 de março de 2009

População, Comunidade e Meio Ambiente

A população humana tem crescido em níveis alarmantes, forçando as pessoas a viver nas áreas e a sofrer as conseqüências da poluição. Provavelmente o perigo mais significante à nossas sobrevivência como espécie seja a superpopulação, porque, quanto mais pessoas, significa que os recursos são consumidos mais rapidamente, que as cidades se tornam lugares poluídos e perigosos, e que a doença e a fome se tornam uma condição de vida de grande parte da população mundial.


  1. O número de pessoas, sua distribuição e padrões de organização e seus efeitos no meio ambiente estão todos inter-relacionados e são tópicos importantes.

  1. A ciência da demografia é o estudo da população, seu tamanho e crescimento, suas características, e seus movimentos. De particular importância são os padrões de crescimento e o funcionamento da transição demográfica.

  1. A comunidade é a organização de pessoas para um espaço habitacional, e o processo comunitário mais importante é a urbanização ou o movimento de pessoas para um espaço habitacional concentrado. A suburbanização e a criação de regiões metropolitanas são asa manifestações mais recentes dos processos de urbanização.

  1. Os ecossistemas se formam a partir das relações entre formas de vida e matéria inorgânica, através de uma série de cadeias e fluxos. Padrões da organização humana atuais rompem esses processos que sustentam os recursos renováveis, dos quais dependem toda a vida do planeta.

sábado, 21 de março de 2009

Instituições


Para sobreviver, os homens tiveram de criar maneiras de lidar com as exigências básicas da vida biológica e social. Tiveram que garantir alimento e sustento suficientes, prover formas seguras de ter e criar filhos, governar-se e lidar com o conflito, educar cada geração, aliviar a ansiedade e a tensão das pessoas, desenvolver o conhecimento e a inteligência, e curar os doentes. Cada uma dessas exigências desperta o poder criativo dos homens, para criar elaborar estruturas básicas – denominadas instituições sociais – que ajudam a preencher as contingências básicas da existência humana. Quando as sociedades se tornam grandes e complexas, a maioria das instituições são implantadas em estruturas sociais sempre maiores, abrigadas em edifícios.


  1. Instituições sociais são uma combinação de posições de status e estruturas que buscam resolver problemas fundamentais da espécie humana, uma espécie que se apóia em padrões culturalmente mediados da organização social. Por causa de sua observada importância, a maioria das normas gerais que guiam o comportamento nas estruturas institucionais é bem conhecida e inspirada nos valores e crenças.

  1. Família e parentesco são instituições que organizam as relações em torno dos laços do matrimônio e de sangue. Tais organizações são alcançadas através de uma série de normas que guiam a conduta com respeito a casamento, descendência, residência, autoridade, divisão de trabalho, tamanho da família e dissolução. Tais regras regularizam as relações de forma a resolver tais problemas fundamentais encarados pelos homens, como sexo e casamento, suporte social e biológico, socialização e colocação social. O parentesco é dominado por famílias nucleares isoladas.

  1. A economia é a instituição que organiza a tecnologia, trabalho e capital para tomar recursos do meio ambiente, transformando-os através da produção em mercadorias e utilidades,e distribuindo essas mercadorias e utilidades aos membros da sociedade. Tem havido um número de formas econômicas básicas na história humana – caça-e-coleta, horticultura, agricultura, industrialização e pós-industrialização. A economia norte-americana é agora completamente pós-industrial, girando em torno da prestação de serviços tanto quanto da fabricação.

  1. O governo é a instituição que usa o poder para estabelecer objetivos para uma sociedade e para obter recursos para alcançar esses objetivos. Quando o poder se torna burocraticamente organizado, pode-se dizer que existe um Estado. Estados modernos variam com respeito a racionalidade de sua burocracia administrativa, centralizada do poder de decisão, extensão da intervenção do Estado nas questões internas, nível de democracia na seleção dos seus chefes, divisão de poder entre judiciário, executivo e legislativo, e nível de legitimidade atribuída ao governo.

  1. A educação é a instituição explicitamente estabelecida como um conjunto de organizações formais para fornecer socialização de aptidões necessárias, a fim de colocar as pessoas dentro de posições econômicas, armazenar cultura e gerar inovações. Todos os sistemas educacionais revelam um conjunto de organizações educacionais primária, secundária e superior.

  1. A religião é a instituição que organiza as práticas rituais que invocam as forças sagradas e sobrenaturais na afirmação de certas crenças. A religião parece preencher as necessidades básicas de redução de ansiedade e tensão nas pessoas e para reforçar as normas e valores cruciais.

  1. A pratica da medicina é a instituição dedicada a organizar atividades estruturadas para prevenir, tratar e curar doenças. A medicina começa dentro da religião, mas passa a ser uma instituição separada e dominante com a industrialização. Atualmente, a medicina consome porções significantes do PIB de todas as sociedades modernas.

  1. A ciência é a instituição dedicada a organizar a pesquisa objetiva para e acúmulo de conhecimento sobre o funcionamento do universo. A ciência tornou-se uma instituição dominante nas sociedades modernas, penetrando todas as instituições básicas e freqüentemente se colocando em conflito com a religião.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Desigualdades: Classe, Etnia e Gênero


Algumas pessoas conseguem mais do que outras nas sociedades – mais dinheiro, mais prestígio, mais poder, mais vida, e mais de tudo aquilo que os homens valorizam. Tais desigualdades criam divisões na sociedade – divisões com respeito a idade, sexo, riqueza, poder e outros recursos. Aqueles no topo nessas divisões querem manter sua vantagem e privilégio; aqueles de nível inferior querem mais e devem viver em um estado constante de raiva e frustração. Assim, a desigualdade é uma máquina que produz tensão nas sociedades humanas. É a fonte de energia por trás dos movimentos sociais, protestos, tumultos e revoluções. As sociedades podem, por um período de tempo, abafar essas forças separatistas, mas, se as desigualdades persistem, a tensão e o conflito pontuarão e, às vezes dominarão a vida social.


  1. A desigualdade em uma sociedade gira em torno da distribuição diferenciada de recursos de valor às variadas categorias de indivíduos – sendo as de classe, étnica e gênero as três mais importantes.

  1. A estratificação de classes existe quando a renda, poder, prestígio e outros recursos de valor são dados aos membros de uma sociedade desigualmente e quando, com base nessa desigualdade, variados grupos tornam-se cultural, comportal e organizacionalmente distinto.

  1. O grau de estratificação está relacionado ao nível de desigualdade, à distinção entre as classes em nível de mobilidade entre as classes e à durabilidade das classes.

  1. Existem várias propostas para o estudo da estratificação: a) a proposta marxista, que enfatiza que a propriedade dos meios de produção é a causa da estratificação de classes e mobilização para o conflito, com subseqüente mudança nos padrões de estratificação; b) a weberiana, que enfatiza a natureza multidimensional da estratificação (que gira em torno não apenas da classe, mas de partido e grupos de status também); c) a proposta funcionalista, que argumenta que a desigualdade reflete o sistema de recompensa para encorajar os indivíduos a ocupar posições funcionalmente importantes e difíceis de preencher; d) a evolucionista, que argumenta que, a longo prazo, partindo das sociedades de caça e coleta, as desigualdades aumentaram, como refletem as sociedades modernas.

  1. A estratificação nos Estados Unidos e no Brasil é marcada por altos níveis de desigualdade com respeito a bem-estar material e prestígio. A desigualdade na distribuição de poder é mais ambígua. A mobilidade é freqüente, mas a maioria das pessoas não consegue grande mobilidade durante a vida.

  1. Etnia é a identificação de um grupo como distinto em termos da biologia superficial, recursos, comportamento, cultura ou organização; a estratificação étnica existe quando alguns grupos étnicos conseguem mais recursos de valor em uma sociedade do que outros grupos étnicos.

  1. A estratificação étnica é criada e sustentada pela discriminação que é legitimada pelas crenças preconceituosas. A discriminação e o preconceito são embasados pela ameaça (econômica, política, social) apresentada de forma real ou imaginária por um grupo étnico-alvo e são ainda sustentados pelos ciclos de reforço que giram em torno da identificação étnica, ameaça, preconceito e discriminação.

  1. O gênero é a diferenciação entre homens e mulheres em termos de características culturalmente definidas e status na sociedade. A estratificação de gênero existe quando os homens e as mulheres em uma sociedade recebem efetivamente parcelas desiguais de dinheiro, poder, prestígio e outros recursos.

  1. A estratificação de gênero é sustentada pelos ciclos de socialização, que reforçam mutuamente pela identidade de gênero e por crenças relacionadas ao gênero, que, por sua vez, se tornam a base para discriminação e crenças preconceituosas, frutos da ameaça ressentida pelos homens.


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