sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Chimarrão em 11 segundos* - Festa da Uva - Caxias do Sul 2010 - RS


No quarto passo, empurre a erva com a bomba para a lateralFoto: Nádia De Toni

Quem não sabe preparar o chimarrão pode aprender no estande da Escola do Chimarrão, na Estação do Gaúcho, localizada na antiga arquibancada do espetáculo Som e Luz. E ainda pode descobrir como fazê-lo muito rápido: em 11 segundos, promete o diretor executivo da Escola, Pedro José Schwengber.

Siga os passos ensinados por Schwengber:

1º: Coloque uma colher de sopa de erva mate no fundo da cuia.
2º: Encha a cuia, até o "pescoço", com água quente.
3º: Coloque erva mate sobre a água, cobrindo toda a abertura da cuia.
4º: Empurre a erva com a bomba para a lateral e coloque um pouco de água.
5º: Com movimentos laterais introduza a bomba na cuia.
6º: Posicione a bomba no mate e está pronto o chimarrão.

* Por Nádia De Toni

Fonte: Jornal Zero Hora

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A Teoria da Incomodação Zero, por Juliana Salbego*



Os homens se distinguem dos animais, não porque têm consciência, já afirmavam teorias sociológicas do fim do século 19, mas porque produzem as condições de sua própria existência. Estas condições são, em grande parte, oriundas do trabalho, que sempre fez parte da vida humana. Contudo, desde que surge a propriedade privada capitalista, a relação de trabalho estabelecida entre empregador e empregado passou por muitas transformações. O trabalho consistia em sinônimo de segurança, de um ambiente ordenado, regular, confiável e duradouro. Em uma época não tão distante, o imediatismo não figurava como valor maior, e a lógica do trabalho se assemelhava a uma construção: tijolo a tijolo, andar a andar, no trabalho lento, que findava com uma obra sólida e firme – a carreira.

Mas hoje o status do trabalho parece estar subvertido ou, ao menos, tem se revestido de características muito distintas das de outrora. O sociólogo polonês Zigmunt Bauman nos revela que o novo perfil do trabalhador, buscado pelas empresas, não é mais exatamente aquele que prima por um sujeito íntegro, enraizado em valores, com princípios e tradições sólidas. O mais novo filtro utilizado nesta escolha é de outra natureza. De acordo com Bauman, desde 1997, usa-se nos EUA uma expressão que designa o perfil de trabalhador que o mercado procura, o chamado “chateação zero”. A expressão cômica, mas extremamente reveladora, nos mostra que o trabalhador que possuir menos fatores potenciais para chatear ou incomodar a empresa durante o seu labor será aquele com maior chance de conseguir a vaga. Por exemplo, um sujeito dotado de família e filhos tem o seu nível de chateação elevado, pois provavelmente não terá tanta flexibilidade para aceitar tarefas em qualquer horário ou local.

Ora, se você é um empregado que ousa questionar as relações e que procura cumprir as suas obrigações, cobrando dos demais o mínimo de responsabilidade, saiba que você possui um nível de chateação elevadíssimo. Vantajoso é ser alguém descomprometido com a realidade social, com laços afetivos frágeis e que possa estar sempre à disposição. A preferência é por “empregados ‘flutuantes’, acríticos, descomprometidos, flexíveis, ‘generalistas’ e, em última instância, descartáveis (do tipo ‘pau pra toda obra’, em vez de especializados e submetidos a um treinamento estritamente focalizado)”, afirma Bauman. O mercado de trabalhadores é também um mercado de produtos.

Neste ambiente “líquido-moderno”, estendemos o retrato da prática do consumo para as demais instâncias da vida, como parece ocorrer com as atividades do trabalho. Uma predileção pela facilidade, desprendimento e individualização. Um produto é comprado, usado até perder o valor e depois descartado, pois uma imensidão de outros estará à disposição. O trabalhador assume, enfim, o status de descartável. Incomodando zero, disponível sempre e criticando nunca.


* Publicitária e professora do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Pampa

ZEROHORA.COM

Fonte: Jornal Zero Hora

Imagem em: http://reflexoescorporativas.wordpress.com/2009/08/

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Vem aí outro pastelão, por Percival Puggina*




“Quem luta pelo comunismo tem que poder lutar e não lutar, dizer a verdade e não dizer a verdade, manter a palavra e não cumprir a palavra etc.” (Berthold Brecht, comunista, em Die Massnahme).

Quando foi, então, que eles começaram a ter algum interesse na verdade? Essa súbita inquietude d’alma, expressa no desejo de criar a tal Comissão Nacional da Verdade, disputa prêmio no Festival da Mentira. Logo quem! Empilharam no planeta milhões de cadáveres, tanto para ocultar a verdade quanto porque as vítimas descriam das suas mentiras. Onde tomaram o poder acabaram com a imprensa livre, exatamente para que nenhuma verdade chegasse ao povo. Montaram o mais poderoso aparelho de mistificação que o mundo já viu. Conhecida por uma abreviatura que diz tudo, Agit- prop, essa máquina, cujas atividades iam desde a produção de livros infantis até o financiamento de autores e jornalistas no mundo inteiro, conseguiu convencer metade do planeta que o inferno soviético era, “na verdade”, um paraíso terrestre. Preocupados com a verdade?

No Brasil, todas as organizações que atuaram na clandestinidade, antes e depois de 1964, seguiam variantes do mesmo totalitarismo. Compunham uma miscelânea de alas, correntes, frentes, ações, dissidências, vertentes, grupos, tendências, núcleos, coletivos, ligas, uniões e partidos. Só estes últimos eram 14! Tais organizações, coisa de duas centenas, repartiam entre si, orgulhosamente, os rótulos de comunista, revolucionário, socialista, bolchevique, maoísta, marxista, leninista, trotskista e por aí vai. Democracia? Nem pensar. Lutando por algo infinitamente pior do que o regime que diziam combater, praticaram crimes tão graves quanto os de que reclamam. Crimes que não geraram indenizações e sequer são mencionados nesse súbito interesse por “direitos humanos” e pela “verdade” a respeito de um tempo em que eram tão rejeitados que desconfiavam da própria sombra. A falta de apoio popular, aliás, constituía o autodiagnóstico mais frequente em suas reflexões.

Você acredita que a insistência em escrutinar aquele específico período da história reflita sincera paixão pela verdade? Se sim, por que pretendiam restringir os trabalhos apenas ao “contexto da repressão política”? Se sim, por que propõem meios de controlar a imprensa e a cultura no mesmo PNDH-3 que cria a tal comissão da “verdade”? Pois é. Verdade histórica? Direitos humanos? Qual o quê! É o velho Agitprop de terno Armani, aferrado a estatais e fundos de pensão. Parece que ainda não mentiram o bastante nas salas de aula, nos microfones, nos filmes e nos livros! Contudo, a imensa maioria dos sessentões brasileiros não deu e não dá força aos seus protagonistas. Por quê? Porque viveram à época desses fatos que alguns, agora, querem recontar com ares de super-heróis. Que pretendem, então? Conquistar adeptos entre os jovens, massa votante que hoje realmente conta no país, ora essa. E quanto mais ela for manipulada, quanto mais matérias gerarem, mais beneficiados serão os atuais comissários da História, posando como mártires da democracia. Mesmo que tudo seja falso. Prepare-se. Depois de O filho do Brasil, vem aí Os filhos da clandestinidade. Tão pastelão quanto o anterior. A real motivação de tudo está no mercado político. Na venda de ações de empresa falida. Na captura de corações e mentes. Na tentativa de cobrar no presente por méritos que não tiveram no passado. Perdoem-me aqueles, como eu, sinceramente interessados na verdade e com medular repugnância à tortura e ao terrorismo. Nós somos, neste caso, irrelevantes.

* Escritor

Fonte: Jornal Zero Hora

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Direitos humanos para todos, por Adão Paiani *


Defender o fim da impunidade para os crimes da ditadura militar não significa concordar na íntegra com o PNDH-3. A motivação humanista e democrática de fazer justiça aos torturados, mortos e desaparecidos também faz discordar de outras disposições abrigadas, equivocadamente, como efetivadoras de direitos humanos.

Detalhes merecem atenção. Como a ampliação do direito de aborto; que não é proibido no Brasil, pois autorizado em alguns casos. Ampliar a permissão sob o tênue e ególatra argumento da mulher dispor livremente do corpo, com anticoncepcionais utilizados em larga escala e informações para evitar gravidez indesejada, nada tem de humanitário. Devemos discutir isso, claro; mas com a premissa de respeitar a vida, na sua forma mais frágil.

Proibir símbolos religiosos em espaços públicos cria um problema que não temos. No Brasil, o Estado é laico desde a Primeira República. Há total liberdade de culto; e nenhuma religião tutela questões temporais. Tolerância religiosa, uma das faces notáveis da cultura brasileira, trouxe para cá luteranos, metodistas, judeus, muçulmanos, e as religiões africanas, com o seu sincretismo. Mas nossa tradição é cristã. Bem ou mal, o invasor português trouxe consigo a espada e a cruz; e também a pluralidade.

A questão dos conflitos agrários. O proposto não contribui com o fim da violência no campo. Condicionar a busca da tutela jurisdicional do Estado por quem é esbulhado, e decisões judiciais daí decorrentes, presentes os requisitos para reintegração de posse, à realização de audiências públicas prévias, é o caminho mais curto para praticar injustiças.

Comissões de mediação para desocupar áreas sem violência, com logística que permita realocar pessoas, com respeito e dignidade, e não atirá-las na beira da estrada, é correto; mas como conse- quência de uma decisão judicial a ser cumprida. Subtrair de um proprietário o direito de reaver, dentro da lei, seu patrimônio fere a segurança jurídica e a cidadania. Isso tem a ver com direitos humanos para todos.

Corrigindo equívocos e preservando acertos, cabe ao Congresso Nacional separar o joio do trigo. É uma das vantagens da democracia.

* Advogado

Fonte: Jornal Zero Hora
imagem em: monitoriacienciapolitica.blogspot.com/2009/04
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