quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

De olho no relógio, por Francisco Turra*



As características comportamentais de cada povo ajudam a determinar seu grau de desenvolvimento. Refiro-me às idiossincrasias manifestadas tradicionalmente em algumas culturas – como a disposição para o trabalho dos chineses, a austeridade dos alemães e a extroversão dos italianos. Do outro lado do oceano, por sua vez, o Brasil parece apresentar uma tendência natural de resolver problemas do cotidiano mesclando bom humor e criatividade.

Seria um exagero supor que esse conjunto de predicados é capaz, por si só, de decidir o progresso de toda uma nação – dependente, antes de tudo, de diversos fatores políticos, econômicos e sociais. Mesmo assim, o comportamento distinto de um povo tende a definir o modo pelo qual ele aproveita oportunidades e enfrenta situações. Para o bem ou para o mal.

Para o mal, a propósito, está nossa inconfundível falta de pontualidade, um dos sintomas do conhecido “jeitinho brasileiro”. Indicar o horário de uma reunião, um encontro ou um almoço é, na maioria das vezes, mera formalidade. Sabe-se, de antemão, que a hora estipulada estará necessariamente sujeita a um generoso tempo de tolerância. E assimilamos essa prática como algo efetivamente tolerável e compreensível, mesmo sem qualquer espécie de justificativa.

Detalhe sem importância? Vício perdoável? Creio que não, principalmente quando observo o comportamento dos países mais desenvolvidos. Em todos eles, reina a reverência absoluta por prazos, cronogramas e itinerários. Certa ocasião, na Inglaterra, em viagem que fiz como ministro da Agricultura, nossa delegação foi avisada de que a partida, no dia seguinte, ocorreria exatamente às 8h3min. A minúcia causou estranheza entre a maioria dos brasileiros, e muitos já ficaram certos de que se tratava de preciosismo inglês. Entretanto, conforme combinado, o transporte chegou pontualmente, respeitando tanto a hora quanto os minutos estipulados. E não esperou os descrentes que apostaram no atraso...

Atentar para a pontualidade é uma atitude que indica muito do caráter de uma pessoa. Ao honrar compromissos dentro dos horários estabelecidos, uma pessoa demonstra civilidade e seriedade. Seja no ambiente social, seja no profissional, esse é um hábito que valoriza a capacidade de um indivíduo em cumprir com o que foi acertado e, portanto, de respeitar e ser respeitado pelo próximo.

Eis uma atitude que precisa ser definitivamente inserida no cotidiano dos brasileiros. Nosso país está evoluindo a passos largos para o estágio de potência econômica global. Resta agora que alguns aspectos culturais acompanhem esse progresso. Que continuem a espontaneidade, o carisma e a alegria de viver. Mas dentro do horário, por favor.

*Presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), ex-ministro da Agricultura

Fonte: Jornal Zero Hora
Imagem em: tertuliafamalicense.blogspot.com/2009/02/pont..

domingo, 24 de janeiro de 2010

Entrevista - “Precisamos mostrar que temos posição própria” Boaventura de Sousa Santos, Sociólogo português

Aos 69 anos, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos será uma das grandes estrelas do FSM de Porto Alegre. Com o histórico de quem participou da primeira edição, em 2001, o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra defende mudanças no formato do evento. Para ele, o FSM precisa assumir posições. A seguir, trechos da entrevista:

Zero Hora – Que balanço o senhor faz dos 10 anos?

Boaventura de Sousa Santos – O Fórum teve muito mais impacto na cena mundial do que se pode imaginar. O Fórum foi muito forte na América Latina e evoluiu na capacidade de chegar a outros continentes. Realizamos o evento na Índia e na África e descobrimos problemas que eram desconhecidos. Vimos que os africanos, ao contrário do que se pensava, tinham capacidade de organizar um evento tão amplo e grande.

ZH – Qual o futuro do Fórum?

Boaventura – O Fórum é hoje uma presença incontornável na medida em que mostrou que os partidos não tinham o monopólio da representação política dos cidadãos. O Fórum teve a capacidade de mostrar as organizações sociais como formas legítimas de representação política e, portanto, como uma forma de enriquecer a democracia. O Fórum sempre defendeu a luta política, mas uma luta pacífica. Por isso, não entraram grupos adeptos da luta armada.

ZH – O que o Fórum não conseguiu fazer ao longo da década?

Boaventura – Não fizemos algo que segue em discussão e que vai ser discutido em Porto Alegre. Para alguns, entre eles eu, seria muito importante que, em certas áreas de grande consenso dentro dos movimentos, o Fórum pudesse apresentar soluções, diagnósticos fundamentados e propostas de mudança.

ZH – Oded Grajew diz que o Fórum se tornaria ONG ou partido caso tivesse pauta de reivindicações. O senhor concorda?

Boaventura – Compreendo Oded e tenho discutido muito isso com ele. Penso que a identidade do Fórum não será prejudicada se algumas organizações se juntarem, seja por exemplo a Via Campesina, que tem uma presença mundial muito forte, e organizarem algumas ações em nível continental.

ZH – Como isso funcionaria?

Boaventura – O Fórum não tem de ter uma posição só. Gostaria que houvesse várias posições bem fundamentadas. O Fórum pode ser plural. Precisamos mostrar que temos posição própria.

ZH – Que temas estariam nessa pauta?

Boaventura – Temos de ir caminhando com o tempo. Não sou eu nem é ninguém individualmente que pode definir isso.


Fonte: Jornal Zero Hora

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Os deveres garantem os direitos e a boa convivência

Jaques Alfonsin
“Os jovens só querem direitos e não aceitam deveres”. Em algum lugar nós já ouvimos esta afirmação. Na escola, em casa, no grupo, na comunidade a questão dos “direitos e deveres” é tema destacado dos debates e até de brigas.
Pois, nesta entrevista, queremos contribuir para uma “briga” saudável em torno deste assunto, que sugere muito debate teórico e opções de vida. Colabora conosco o advogado Jaques Alfonsin.

Jaques Alfonsin,
advogado, presta assessoria jurídica popular em Porto Alegre, RS, e coordena a ONG “Acesso Cidadania e Direitos Humanos”, em defesa de diversas entidades e dos pobres, em geral.


Mundo Jovem: Por que nós temos que ter deveres?

Jaques: O que está na base dos deveres é a própria exigência da convivência social. O princípio fundamental ético jurídico é o da reciprocidade, ou seja, a cada vantagem que eu tenho, para não usar diretamente o termo direito, pode haver uma desvantagem dos outros.

Então eu não posso exercer um direito, uma vantagem, na medida em que no próprio exercício dessa vantagem eu prejudique os demais. Na verdade, está contido nos deveres um preceito evangélico, pode-se dizer: “não faças nunca aos outros aquilo que não queres que façam para ti”, ou, faça sempre aos outros aquilo que tu queres que seja feito para ti.

Não se compreende nesse jogo de convivência o direito sem os deveres. A cada direito corresponde um dever, aliás,o filósofo Kant ja dizia isso bem claro.


Mundo Jovem: Os deveres não atrapalham a liberdade?

Jaques: Pelo contrário. Os deveres justamente, por este princípio da reciprocidade, eles favorecem a boa convivência, favorecem o bom relacionamento. Em vez de serem vistos como imposição, na medida em que eles são conscientizados pelos jovens, eles dão caminho, oferecem caminho para o exercício de uma liberdade que não fira outras liberdades.

Então, o dever deve ser visto como uma coisa positiva e não como uma coisa negativa, um cerceamento da liberdade. Na medida em que eu exerço a minha liberdade de maneira compatível com a liberdade alheia, todos nós seremos livres. Por isso que o mundo de hoje é tão carente de deveres. Porque um dos principais direitos, que é o direito de propriedade, não cumpre o seu principal dever que é sua função social.

O desequilíbrio moderno, da globalização, que gera tanta desigualdade e pobreza, é gerado pelo exercício do direito, um direito que extrapolou, que abusou do seu leito normal. É um direito que desrespeita o outro na medida em que é indiferente ao outro. A luta pela terra que está se travando atualmente no país é o melhor exemplo disso.


Mundo Jovem: Hoje se diz que os jovens têm direitos demais. Isto é verdade?

Jaques: Essa é uma crítica que o adulto faz. Mas, na verdade, ele está cuspindo para cima quando diz isso. O jovem de hoje se espelha no exemplo do adulto. Quando há muito excesso por parte do jovem, muitas vezes é uma reação ao que ele vê no excesso praticado pelo adulto.

Ele foge de uma sociedade que exige dele o cumprimento de deveres, quando ele vê toda a sociedade de adultos também em descumprimento de deveres. É um mundo todo regido por exigências sobre os outros, que não são cumpridas pelas pessoas que exigem.

Exigências dos grandes empresários, dos grandes banqueiros... chega-se a chamar isto de crédito. O direito mais protegido pela civilização é o fato de alguém estar sempre condicionando o outro na situação de devedor.

O jovem, inconscientemente, reage contra essa contínua cobrança de que ele é que deve as coisas. Ele também quer ter a sua liberdade.

E às vezes exagera, não há dúvida. Tem muito jovem que foge para a droga, para o excesso do álcool, para a libertinagem, para a violência. Mas, na verdade, ele também é levado a isso pelo exemplo que vê do adulto.


Mundo Jovem: Uma pesquisa constatou que cerca de 60% de brasileiros não conhecem nenhum direito da Constituição. É possível exercer a cidadania sem conhecer os direitos?

Jaques: Não. Essa é a maior das contradições. O artigo primeiro, parágrafo único da nossa Constituição diz: “todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou por seus representantes nos termos desta Constituição”.

Então, se todo poder emana do povo, nós teríamos que primeiro tratar de identificar esse povo, de quem nós estamos tratando aqui.

Caso contrário corremos o risco de a sociedade continuar mentindo para si mesma, colocando na Constituição uma coisa que todo mundo sabe que não é verdade. Hoje, se verifica que grande parte dessas expressões bonitas, como “todo poder emana do povo”, não são uma tentativa de transferência de poder para o povo, mas uma tentativa de legitimar a própria Constituição, ou seja, dizer que nós vivemos num estado democrático de direito, porque a Constituição diz isso.

Mas nunca vamos conferir que poderes tem este povo. Que poder tem o povo excluído, por exemplo? Quais são os poderes que derivam dos poderes sociais. Nós podemos bater na porta de um juiz e pedir comida ou casa ou coisa que o valha? Num estado efetivamente democrático de direito isto nem seria questionado. São direitos que fazem parte da vida da pessoa humana. O direito à vida pressupõe o direito aos meios de vida.


Mundo Jovem: E os direitos são garantidos para todos?

Jaques: Evidentemente que não. Os chamados direitos humanos de primeira geração, como a liberade de crença, a liberdade de opinião, de reunião... esses direitos pressupõem que o Estado não faça nada. Ele tem é que respeitar.

Agora, a maior parte dos direitos ligados à vida pressupõem uma ação do Estado e não uma omissão. Eu não posso ter educação, saúde, transporte, segurança... se o Estado não se mexer a meu favor e não der prioridade a isso.

O desequilíbrio entre o poder de ação do Estado a favor dos direitos sociais e o dever de omissão do Estado a favor dos direitos de primeira geração, dos direitos civis e políticos... esse desequilíbrio é toda a crise do Estado moderno; mostra que o Estado moderno falha na sua principal finalidade.

Porque não se pode dizer que os direitos humanos fundamentais, educação, saúde, segurança, transporte... estejam atrás, nem ao lado, nem na frente da lei. Eles estão acima da lei. O Estado e a lei existem em função destes direitos.


Mundo Jovem: Não existe o certo e o errado, o que existe é o chato e o divertido”, diz uma frase de um filme. E uma cantora brasileira dizia: “não existe o certo e o errado. Você faz o que gosta e acaba dando certo”. Neste ambiente, nesta mentalidade, como trabalhar a questão dos direitos e deveres?

Jaques: É um ambiente medíocre de ausência de valores. Talvez o principal dever do qual o jovem tem que ter consciência é de que ele é responsável pela construção da cidadania. A dignidade humana é indelegável. Ele não pode esperar isso do professor, nem do pai, nem da mãe. É ele que é responsável por isso e é ele que é responsável pelas gerações de amanhã.

Portanto, o principal dever do jovem é contestar esta desordem que está lá fora. Um princípio jurídico antiqüíssimo é de que a obra da justiça é a paz. Nós não temos paz porque não temos justiça.
Então, o principal dever do jovem é lutar pela justiça. Estou falando em justiça no sentido de dever, não é o judiciário, o juiz, o promotor. Este é o aparato público da justiça.

A justiça mora dentro de cada um de nós. O jovem que não sente crepitar dentro de seu coração esta chama ardente da transformação, está aderindo a este mundo de mediocridade. Ele tem que saber que toda a possibilidade de vida dele e futura depende dele exclusivamente, ele é que tem que dar essa resposta.

A dignidade humana não pode ser delegada ao puro diletantismo ao ponto de dizer que só existe o chato e o aborrecido. Isso aí é muito fácil de se dizer, mas sepulta toda possibilidade de humanidade futura.


Mundo Jovem: Não deveria fazer parte do curriculo escolar o estudo da Constituição?

Jaques: Há todo um movimento no país para se introduzir a chamada cadeira de Direitos Humanos no ensino médio e até no fundamental. Com a idéia de que desde o início as crianças e os jovens aprenderem que a Constituição é uma lei criada pelo povo e por isso eles têm que se valorizar a si mesmos e conhecer esses direitos.

A ignorância sobre esse assunto favorece a reprodução de um sistema que tem interesse de manter a pessoa ignorante dos seus direitos. Grande parte da desordem estabelecida são atividades econômicas ilegais porque descumprem, por exemplo, esse princípio da função social da propriedade. Se a propriedade tivesse uma função social, ela não geraria os efeitos que está gerando em matéria de concentração de terra, destruição do meio ambiente, de ataque à vida ainda antes de nascer ou na hora de morrer.

Se o horizonte oferecido ao jovem for sempre um horizonte de mercado e a pergunta que ele faça quando entra na escola ou entra na universidade é “qual é o mercado que me espera”, isso não nos vai levar a lugar algum.

Vai acentuar a desordem que nós vivemos. A verdade é a seguinte: os adultos falam muito do jovem, mas o principal defeito está em não reconhecer que a atitude do jovem é uma reação à atitude do adulto. Nós temos que confiar no jovem.

Existe dentro dele um potencial de transformação. Eu vou dar um exemplo: todos os sábados de manhã se reúnem aqui alunos do Direito, usando um dia de descanso e diversão, para estudar os meus processos, para estudar e debater como melhor proteger o direito dos pobres.



Quando o direito gera desigualdade

A origem histórica dos direitos é muito discutível. Agora, uma coisa é certa: o direito sempre é necessário onde se ausenta o amor. Se todos nos amássemos, não precisaria haver direito. Rousseau, no seu livro “O princípio das desigualdades entre os homens”, chega a dizer que quando a primeira pessoa cercou um pedaço de terra e disse “isto aqui é meu”, deveria ter-se convocado toda a humanidade para dizer: “olha, aqui está nascendo o direito de propriedade, que vai gerar muita infelicidade”. Justamente porque tenho que respeitar o outro como outro, como pessoa humana...

O exemplo que a mãe dá em relação ao amor do filho é o melhor que existe. O amor materno não necessita de direitos.

Nós não necessitamos de direitos para saber que a criança, que vive em contato com a mãe, se alimenta do corpo da mãe desde que nasce, também reflete aquilo que está no evangelho, quando Jesus Cristo diz: “fazei isso em memória de mim”, ou seja, eu me deixo consumir pelo outro. Na medida em que há essa consciência, não há necessidade de direito.

O direito nasceu da falta de amor que existe entre as pessoas. Foi necessário para remediar a falta de amor. Se não nos amarmos uns aos outros, o direito vai ser necessário.


Fonte: Jornal Mundo Jovem - Entrevista Publicada na edição 340, setembro 2003

domingo, 17 de janeiro de 2010

Leia a íntegra do discurso de Zilda Arns no Haiti



Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, morreu no terremoto do Haiti

A fundadora da Pastoral da Criança morreu atingida na cabeça logo após terminar sua fala dentro de uma igreja em Porto Príncipe

REDAÇÃO ÉPOCA

Um ferimento na cabeça matou a fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, no terremoto no Haiti, na noite de terça-feira (12). Ela foi atingida dentro de uma igreja, logo após terminar um discurso. Nesta quinta-feira (14), o senador Flávio Arns (PSDB-PR), sobrinho de Zilda, que está em Porto Príncipe, capital do Haiti, descreveu, em nota no site da Pastoral da Criança, as circunstâncias da morte da médica: "A Dra. Zilda estava em uma igreja, onde proferiu uma palestra para cerca de 150 pessoas. Ela já tinha acabado seu discurso e estava conversando com um sacerdote, que queria mais informações sobre o trabalho da Pastoral da Criança. De repente, começou o tremor. O padre que estava conversando com ela deu um passo para o lado e a Dra. Zilda recuou um passo e foi atingida diretamente na cabeça, quando o teto desabou. Ela morreu na hora. A Dra. Zilda não ficou soterrada. O resto do corpo não sofreu ferimentos, somente a cabeça foi atingida. O sacerdote que conversava com ela sobreviveu. Já outros quinze sacerdotes que estavam próximos a ela faleceram”.

A Pastoral da Criança divulgou em seu site o discurso de Zilda no Haiti (em espanhol).

Leia abaixo (em português) o discurso proferido por Zilda Ars, na terça-feira (12):

"Agradeço o honroso convite que me foi feito. Quero manifestar minha grande alegria por estar aqui com todos vocês em Porto Príncipe, no Haiti, para participar da assembleia de religiosos.

Como irmã de dois franciscanos e de três irmãs da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, estou muito feliz entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento.

Na realidade, todos nós estamos aqui, neste encontro, porque sentimos dentro de nós um forte chamado para difundir ao mundo a boa notícia de Jesus. A boa notícia, transformada em ações concretas, é luz e esperança na conquista da PAZ nas famílias e nas nações. A construção da Paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância, e se transforma em fraternidade e responsabilidade social.

A Paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando encorajamos as pessoas, quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas da busca do bem comum, que aprendemos com nosso mestre Jesus: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância" (Jo 10.10).

Espera-se que os agentes sociais continuem, além das referências éticas e morais de nossa Igreja, ser como Ela, mestres em orientar as famílias e comunidades, especialmente na área da saúde, educação e direitos humanos. Deste modo, podemos formar a massa crítica das comunidades cristãs e de outras religiões, em favor da proteção da criança desde a concepção, e mais excepcionalmente até os seis anos, e do adolescente. Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta.

O povo seguiu Jesus porque ele tinha palavras de esperança. Assim, nós somos chamados para anunciar as experiências positivas e os caminhos que levam as comunidades, as famílias e os pais a serem mais justos e fraternos.

Como discípulos e missionários, convidados a evangelizar, sabemos que força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade. Todo esse caminho necessita de comunicação constante para iluminar, animar, fortalecer e democratizar nossa missão de fé e vida. Cremos que essa transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Esse desenvolvimento começa quando a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de Paz e Esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.

Não é por nada que disse Jesus: "... se vocês não ficarem iguais a estas crianças, não entrarão no Reino dos Céus" (MT 18,3). E "deixem que as crianças venham a mim, pois deles é o Reino dos Céus" (Lc 18, 16).

Hoje vou compartilhar com vocês uma verdadeira história de amor e inspiração divina, um sonho que se fez realidade. Como ocorreu com os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35), "Jesus caminhava todo o tempo com eles. Ele foi reconhecido a partir do pão, símbolo da vida." Em outra passagem, quando o barco no Mar da Galileia estava prestes a afundar sob violentas ondas, ali estava Jesus com eles, para acalmar a tormenta. (Mc 4, 35-41).

Com alegria vou contar o que "eu vi e o que tenho testemunhado" há mais de 26 anos desde a fundação da Pastoral da Criança, em setembro de 1983.

Aquilo que era uma semente, que começou na cidade de Florestópolis, no Estado do Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em 42 mil comunidades pobres e nas 7 mil paróquias de todas as Dioceses da Brasil.

Por força da solidariedade fraterna, uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres, 92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, a serviço da Vida e da Esperança. Cada voluntário dedica em média 24 horas ao mês a esta Missão transformadora de educar as mães e famílias pobres, compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social.

O objetivo da Pastoral da Criança é reduzir as causas da desnutrição e a mortalidade infantil, promover o desenvolvimento integral das crianças, desde sua concepção até o seis anos de idade. A primeira infância é uma etapa decisiva para a saúde, a educação, a consolidação dos valores culturais, o cultivo da fé e da cidadania com profundas repercussões por toda a vida.


Um pouco de história:

Sou a 12ª de 13 irmãos, cinco deles são religiosos. Três irmãs religiosas e dois sacerdotes franciscanos. Um deles é Dom Paulo Evaristo, o Cardel Arns, Arcebispo emérito de São Paulo, conhecido por sua luta em favor dos direitos humanos, principalmente durante os vinte anos da ditadura militar do Brasil.

Em maio de 1982, ao voltar de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, Dom Paulo me chamou pelo telefone à noite. Naquela reunião, James Grant, então diretor executivo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), falou com insistência sobre o soro oral. Considerado como o maior avanço da medicina no século passado, esse soro era capaz de salvar da morte milhões de crianças que poderiam morrer por desidratação devido a diarreia, uma das principais causas da mortalidade infantil no Brasil e no mundo. James Grant conseguiu convencer a Dom Paulo para que motivasse a Igreja Católica a ensinar as mães a preparar e administrar o soro oral. Isso podia salvar milhares de vidas.

Viúva fazia cinco anos, eu estava, naquela noite histórica, reunida com os cinco filhos, entre os nove e dezenove anos, quando recebi a chamada telefônica do meu irmão Dom Paulo. Ele me contou o que havia passado e me pediu para refletir sobre isso. Como tornar realidade a proposta da Igreja de ajudar a reduzir a morte das crianças? Eu me senti feliz diante deste novo desafio. Era o que mais desejava: educar as mães e famílias para que soubessem cuidar melhor de seus filhos!

Creio que Deus, de certo modo, havia me preparado para essa missão. Baseada na minha experiência como médica pediatra e especialista em saúde pública e nos muitos anos de direção dos serviços públicos de saúde materna-infantil, compreendi que, além de melhorar a qualidade dos serviços públicos e facilitar às mães e crianças o acesso a eles, o que mais falta fazia às mães pobres era o conhecimento e a solidariedade fraterna, para que pudessem colocar em prática algumas medidas básicas simples e capazes de salvar seus filhos da desnutrição e da morte, como por exemplo a educação alimentar e nutricional para as grávidas e seus filhos, a amamentação materna, as vacinas, o soro caseiro, o controle nutricional, além dos conhecimentos sobre sinais e sintomas de algumas doenças respiratórias e como as prevenir.

Me vem à mente então a metodologia que utilizou Jesus para saciar a fome de 5.000 homens, sem contar as mulheres e as crianças. Era noite e tinham fome. Os discípulos disseram a Jesus que o melhor era que deixassem suas casa, mas Jesus ordenou: "Dai-lhes vós de comer". O apóstolo Felipe disse a Jesus que não tinham dinheiro para comprar comida para tanta gente. André, irmão de Simão, sinalou a uma criança que tinha dois peixes e cinco pães. E Jesus mandou que se sentassem em grupos de cinquenta a cem pessoas (em pequenas comunidades). Então pensei: Por que morrem milhões de crianças por motivos que podem facilmente ser prevenidos? O que faz com que eles se tornem criminosos e violentos na adolescência?

Recordei o início da minha carreira, quando me desafiei a querer diminuir a mortalidade infantil e a desnutrição. Vieram a minha mente milhares de mães que trocaram o leite materno pela mamadeira diluída em água suja. Outras mães que não vacinavam seus filhos, quando não havia ainda cesta básica no Centro de Saúde. Outras mães que limpavam o nariz de todos os seus filhos com o mesmo pano, ou pegavam seus filhos e os humilhavam quando faziam xixi na cama. E ainda mais triste, quando o pai chegava em casa bêbado. Ao ouvir o grito de fome e carinho de seus filhos, batiam neles mesmo quando eram muito pequenos. Sabe-se, segundo resultados de pesquisas da OMS (Organização Mundial da Saúde), cuja publicação acompanhei em 1994, que as crianças maltratadas antes de um ano de idade têm uma tendência significativa para violência, e com frequência cometem crimes antes dos 25 anos.


A Igreja, que somos todos nós, o que devíamos fazer?

Tive a confiança de seguir a metodologia de Jesus: organizar as pessoas em pequenas comunidades; identificar líderes, famílias com grávidas e crianças menores de seis anos. Os líderes que se dispusessem a trabalhar voluntariamente nessa missão de salvar vidas, seriam capacitados, no espírito da fé e da vida, e preparados técnica e cientificamente, em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. Seriam acompanhados em seu trabalho para que não desanimassem. Teriam a missão de compartilhar com as famílias a solidariedade fraterna, o amor, os conhecimentos sobre os cuidados com as grávidas e as crianças, para que estas fossem saudáveis e felizes. Assim como Jesus ordenou que considerassem se todos estavam saciados, tínhamos que implantar um sistema de informações, com alguns indicadores de fácil compressão, inclusive para líderes analfabetos ou de baixa escolaridade. E vi diante de mim muitos gestos de sabedoria e amor apreendidos com o povo.

Senti que ali estava a metodologia comunitária, pois podia se desenvolver em grande escala pelas dioceses, paróquias e comunidades. Não somente para salvar vidas de crianças, mas também para construir um mundo mais justo e fraterno. Seria a missão do "Bom Pastor", que está atento a todas as ovelhas, mas dando prioridade àquelas que mais necessitam. Os pobres e os excluídos.

Naquela maravilhosa noite, desenhei no papel uma comunidade pobre, onde identifiquei famílias com grávidas e filhos menores de seis anos e líderes comunitários, tanto católicos como de outras confissões e culturas, para levar adiante ações de maneira ecumênica, pois Jesus veio para que "todos tenham Vida e Vida em abundância" (João 10,10). Isso é o que precisa ser feito aqui no Haiti: fazer um mapa das comunidades pobres, identificar as crianças menores de 6 anos e suas famílias e líderes comunitários que desejam trabalhar voluntariamente.

Desde a primeira experiência, a Pastoral da Criança cultivou a metodologia de Jesus, que é aplicada em grande escala. No Brasil, em mais de 40 mil comunidades, de 7 mil paróquias de todas as 272 diocese e preladias. Está se estendendo a 20 países, que são, na América Latina e no Caribe: Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Peru, Venezuela, Guatemala, Panamá, República Dominicana, Haiti, Honduras, Costa Rica e México; na África: Angola, Guiné-Bissau, Guiné Conakry e Moçambique; e na Ásia: Filipinas e Timor Leste.

Para organizar melhor e compartilhar as informações e a solidariedade fraterna entre as mães e famílias vizinhas, as ações se baseiam em três estratégias de educação e comunicação: individual, de grupo e de massas. A Pastoral da Criança utiliza simultaneamente as três formas de comunicação para reforçar a mensagem, motivar e promover mudanças de conduta, fortalecendo as famílias com informações sobre como cuidar dos filhos, promovendo a solidariedade fraterna.

A educação e comunicação individual se fazem através da 'Visita Domiciliar Mensal nas Famílias' com grávidas e filhos. Os líderes acompanham as famílias vizinhas nas comunidades mais pobres, nas áreas urbanas e rurais, nas aldeias indígenas e nos quilombos, e nas áreas ribeirinhas do Amazonas. Atravessam rios e mares, sobem e descem montes de encostas íngremes, caminham léguas, para ouvir os clamores das mães e famílias, para educar e fortalecer a paz, a fé e os conhecimentos. Trocam ideias sobre saúde e educação das crianças e das grávidas; ensinam e aprendem.

Com muita confiança e ternura, fortalecem o tecido social das comunidade, o que leva à inclusão social.

Motivados pela Campanha Mundial patrocinadas pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1999, com o tema "Uma vida sem violência é um direito nosso", a Pastoral da Criança incorporou uma ação permanente de prevenção da violência com o lema "A Paz começa em casa". Utilizou como uma das estratégias de comunicação a distribuição de seis milhões de folhetos com "10 Mandamentos para alcançar a paz na família", debatíamos nas comunidades e nas escolas, do norte ao sul do país.

As visitas, entre tantas outras ações, servem para promover a Amamentação Materna – que ensina o diálogo e a compartilhar, principalmente quando se dá como alimento exclusivo até os seis meses e se continua dando como alimento preferencial além de um ano, inclusive além dos dois anos, complementarmente com outros alimentos saudáveis. A sucção adapta os músculos e ossos para uma boa dicção, uma melhor respiração e uma arcada dentária mais saudável. O carinho da mãe acariciando a cabeça do bebê melhora a conexão dos neurônios. A psicomotricidade da criança que mama no peito é mais avançada. Tanto é assim que se senta, anda e fala mais rápido, aprende melhor na escola. É fator essencial para o desenvolvimento afetivo e proteção da saúde dos bebês, para toda a vida. A solidariedade desponta, promovida pelas horas de contato direto com a mãe. Durante a visita domiciliar, a educação das mulheres e de seus familiares eleva a autoestima, estimula os cuidados pessoais e os cuidados com as crianças. Com essa educação das famílias se promove a inclusão social.

A educação e a comunicação grupal ocorre mensalmente em milhares de comunidades. Esse é o Dia da Celebração da Vida. Momento dedicado ao fortalecimento da fé e da amizade entre famílias. Além do controle nutricional, estão os brinquedos e as brincadeiras com as crianças e a orientação sobre a cidadania. Nesse dia, as mães compartilham práticas de aproveitamento adequado de alimentos da região de baixo custo e alto valor nutritivo. As frutas, folhas verdes, sementes e talos, que muitas vezes não são valorizados pelas famílias.

Outra oportunidade de formação de grupo é a Reunião Mensal de Reflexão e Evolução dos líderes da comunidade. O objetivo principal desta reunião é discutir e estabelecer soluções para os problemas encontrados.

Essas ações integram o sistema de informação da Pastoral da Criança para poder acompanhar os esforços realizados e seus resultados através de Indicadores. A desnutrição foi controlada. De mais de 50% de desnutridos no começo, hoje está em 3,1%. A mortalidade infantil foi drasticamente reduzida e hoje está em 13 mortos por mil nascidos vivos nas comunidades com Pastoral da Criança. O índice nacional é 2,33, mas se sabe que as mortes em comunidades pobres, onde estão a Pastoral da Criança, é maior que é na média geral. Em 1982, a mortalidade infantil no Brasil foi 82,8 mil nascidos vivos. Estes resultados têm servido de base para conquistar entidades, como Ministério da Saúde, Unicef, Banco HSBC, e outras empresas. Elas nos apoiam nas capacitações e em todas as atividades básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. O custo criança/mês é de menos de US$ 1.

Em relação à educação e à comunicação de massas apresentarei três experiências concretas de como a comunicação é um instrumento de defesa dos direitos da infância.

Materiais impressos

O material impresso foi concebido especificamente para ajudar a formação do líder da Pastoral da Criança. Os instrutores e os multiplicadores servem como ferramenta de trabalho na tarefa de guiar as famílias e comunidades sobre questões de saúde, nutrição, educação e cidadania. Além do Guia da Pastoral da Criança, se colocaram em marcha publicações como o Manual do Facilitador, Brinquedos e Jogos, Comida e as Hortas Familiares, alfabetização de jovens e adultos e mobilização social.

O jornal da Pastoral da Criança, com tiragem mensal de cerca de 280 mil, ou seja 3 milhões e 300 mil exemplares por ano, chega a todos os líderes da Pastoral da Criança. É uma ferramenta para a formação contínua.

O Boletim Dicas abarca questões relacionadas com a saúde e a educação para cidadania. Foi especialmente concebido para os coordenadores e capacitadores da Pastoral da Criança. Cada publicação chega a 7.000 coordenadores.

Para ajudar na vigilância das mulheres grávidas, a Pastoral da Criança criou os laços de amor, cartões com conselhos sobre a gravidez e partos saudáveis.

Outros materiais impressos de grande impacto social é o folheto com os 10 mandamentos para a Paz na Família. 12 milhões de folhetos foram distribuídos nos últimos anos.

Além desses materiais impressos, se enviam para as comunidades da Pastoral da Criança material para o trabalho de pesagem das crianças, objetos como balanças e também colheres de medir para a reidratarão oral e sacos de brinquedos para as crianças brincarem no dia da celebração da vida.

Material de som e vídeo

Outra área em que a Pastoral da Criança produz materiais é de som e a produção de filmes educativos. O Show ao vivo da Rádio da Vida, produzido e gravado no estúdio da Pastoral da Criança, chega a milhões de ouvintes em todo o Brasil. Com os temas de saúde, de educação na primeira infância e a transformação social, o programa de rádio Viva a Vida se transmite semanalmente 3.740 vezes. Estamos "no ar" 2.310 horas semanais em todo Brasil. Além disso, o Programa Viva a Vida também se executa em vários tipos de sistemas de som de CD e aparados nas reuniões de grupo.

A Pastoral da Criança também produz filmes educativos para melhorar e dar conhecimento de seu trabalho nas bases. Atualmente há 12 títulos produzidos sobre prevenção da violência contra as crianças, comida saudável, gravidez e participação dos Conselhos Municipais de Saúde, preservação da AIDS e outros.

Campanhas

A Pastoral da Infância realiza e colabora em várias campanhas para melhorar a qualidade de vida das mulheres grávidas, famílias e crianças. Estes são alguns exemplos:

a. Campanhas de sais de reidratação oral

b. Campanha de Certidão de Nascimento: a falta de informação, a distância dos cartórios e a burocracia fazem com que as pessoas fiquem sem certidões de nascimentos. A mobilização nacional para o registro civil de nascimento, que une o Estado brasileiro e a sociedade, para garantir a cada cidadão o nome e os direitos.

c. Campanha para promover o aleitamento materno: o leite materno é um alimento perfeito que Deus colocou à disposição nos primeiros anos de vida. Permanentemente, a Pastoral da Criança promove o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e, em seguida, continuá-lo com outros alimentos. Isso protege contra doenças, desenvolve melhor e fortalece a criança.

d. Campanha de prevenção da tuberculose, pneumonia e hanseníase: as três doenças continuam a afetar muitas crianças e adultos em nosso país. A Pastoral da Criança prepara materiais específicos de comunicação para educar o público sobre sintomas, tratamento e meios de prevenção dessas doenças.

e. Campanha de Saneamento: o acesso à água potável e o tratamento de águas residuais contribuem para a redução da mortalidade infantil. A Pastoral da Criança, em colaboração com outros organismos, mobiliza a comunidade para a demanda por tais serviços a governos locais e usa os meios ao seu dispor para divulgar informações relacionadas ao saneamento.

f. Campanha de HIV/Aids e sífilis: o teste do HIV/Aids e sífilis durante o pré-natal permite a redução de 25% para 1% do risco de transmissão para o bebê. A Pastoral da Criança apoia a campanha nacional para o diagnóstico precoce dessas doenças.

g. Campanha para a Prevenção da morte súbita de bebês "Dormir de barriga para cima é mais seguro": Com a finalidade de alertar sobre os riscos e evitar até 70% das mortes súbitas na infância, a Pastoral da Criança lançou essa grande campanha dirigida às famílias para que coloquem seus bebês para dormir de barriga para cima.

h. Campanha de Prevenção do Abuso Infantil: Com essa campanha, a Pastoral da Criança esclarece as famílias e a sociedade sobre a importância da prevenção da violência, espancamentos e abuso sexual. Essa campanha inclui a distribuição de folheto com os dez mandamentos para a paz na família, como um incentivo para manter as crianças em uma atmosfera de paz e harmonia.

i. Campanha - 20 de novembro, dia de oração e de ação para as crianças: A Pastoral da Criança participa dos esforços globais para a assistência integral e proteção a crianças e adolescentes, em colaboração com a Rede Mundial de Religiões para a Infância (GNRC).

Em dezembro de 2009, completei 50 anos como médica e, antes de 2002, confesso que nunca tinha ouvido falar em qualquer programa da Unicef ou da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou de outra agência da Organização das Nações Unidas (ONU), que estimulasse a espiritualidade como um componente do desenvolvimento pessoal. Como um dos membros da delegação do Brasil na Assembleia das Nações Unidas em 2002, que reuniu 186 países, em favor da infância, tive a satisfação de ouvir a definição final sobre o desenvolvimento da criança, que inclui o seu "desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e cognitivo". Este foi um avanço e vem ao encontro do processo de formação e comunicação que fazemos na Pastoral da Criança. Neste processo, vê-se a pessoa de maneira completa e integrada em sua relação pessoal com o próximo, com o ambiente e com Deus.

Estou convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente. Como destaca o recente documento do papa Bento 16, "Caritas in veritate" (Caridade na verdade), "a natureza é um dom de Deus e precisa ser usada com responsabilidade". O mundo está despertando para os sinais do aquecimento global, que se manifesta nos desastres naturais, mais intensos e frequentes. A grande crise econômica demonstrou a inter-relação entre os países.

Para não sucumbir, exige-se uma solidariedade entre as nações. É a solidariedade e a fraternidade aquilo de que o mundo precisa mais para sobreviver e encontrar o caminho da paz.

Final

Desde a sua fundação, a Pastoral da Criança investe na formação dos voluntários e no acompanhamento de crianças e mulheres grávidas, na família e na comunidade.
Atualmente, existem 1.985.347 crianças, 108.342 mulheres grávidas de 1.553.717 famílias. Sua metodologia comunitária e seus resultados, assim como sua participação na promoção de políticas públicas com a presença em Conselhos de Saúde, Direitos da Criança e do Adolescente e em outros conselhos levaram a mudanças profundas no país, melhorando os indicadores sociais e econômicos. Os resultados do trabalho voluntário, com a mística do amor a Deus e ao próximo, em linha com nossa mãe terra, que a todos deve alimentar, nossos irmãos, os frutos e as flores, nossos rios, lagos, mares, florestas e animais. Tudo isso nos mostra como a sociedade organizada pode ser protagonista de sua transformação. Neste espírito, ao fortalecer os laços que ligam a comunidade, podemos encontrar as soluções para os graves problemas sociais que afetam as famílias pobres.

Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.

Muito Obrigada!
Que Deus esteja convosco!"


Dra. Zilda Arns Neumann
Médica pediatra e especialista em Saúde Pública
Fundadora e Coordenadora da Pastoral da Criança Internacional
Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa


Fonte: Revista Época

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Revista: O Cruzeiro - Para guardar (digitalizada)

Recebi por e-mail do meu amigo José Lima de Caxias do Sul, a Revista O Cruzeiro digitalizada.
Esta foi a primeira revista que conheci. Meu pai tinha todas, e sabem o que eu fiz?
Destroi quase todas.

Isto é uma relíquia para ser guardada!
Relembrar não custa nada...
Cada um no seu tempo...
Conhecimento nunca é demais...

Anos 1970


15 de setembro de 1970

* Papai Paulo Sérgio
* O que diz Lígia Diniz
* Pedro Januário no ocaso do cangaço - "Só falta matar um"
* Martha La Paz - Nasce uma nova estrêla para o Cinema Nacional
* O lado humano de Wilson Simonal
* Carlos Estevão
* Gôsto de Brasil, por Rachel de Queiroz

Anos 1960


12 de dezembro de 1964

* O feitiço contra o feiticeiro: Zé Arigó na prisão
* Castelo não sairá da Lei
* Adhemar em "O Cruzeiro": "Não toquem em São Paulo!"
* Carlos Estevão
* As eleições americanas (II), por Rachel de Queiroz


17 de outubro de 1964

* Borjalo X Appe
* Comer e engordar - Eis a questão.
* David Nasser: O Debret da câmera
* Parlamentarismo pode levar à anistia
* Carlos Estevão
* Do preconceito de côr, por Rachel de Queiroz


3 de outubro de 1964

* Herberto Sales X Carlos Heitor Cony
* História passada a limpo no capítulo das condecorações
* A volta de Procópio Ferreira
* David Nasser: Saudade defumada
* Reforma política: aposentar caciques dos Partidos
* Carlos Estevão
* Carta aberta ao Presidente, por Rachel de Queiroz


18 de julho de 1964

* Lacerda tem presidência garantida
* O samba de Garrincha
* Sexta-feira 13: Dia fatídico
* David Nasser é o espadachim da palavra
* Carlos Estevão
* Regeneração, por Rachel de Queiroz


4 de julho de 1964

* O adeus do Peixe-vivo: a dramática saída de JK
* David Nasser: O Cambronne brasileiro
* Reforma agora. Eleições em 65.
* O começo do fim: Sexta-feira 13
* Brasil: Beleza 64 - As candidatas ao Miss Brasil
* Carlos Estevão
* Não há repouso para o guerreiro, por Rachel de Queiroz


13 de junho de 1964

* Legionários da Democracia doam ouro
* 15 de Junho - Fim dos expurgos
* Lacerda: Canário na muda não canta
* Adhemar: eleições em 66
* A voz do dono, por David Nasser
* Milagres do Padre Cícero
* Carlos Estevão
* Material humano, por Rachel de Queiroz



10 de abril de 1964

* Jango fala aos sargentos: princípio do fim
* Saber ganhar, por David Nasser
* Depoimentos de Lacerda, Magalhães, Adhemar e JK
* Minas em guerra
* São Paulo fica de pé
* A batalha da Guanabara
* Os 40 do Forte


24 de setembro de 1960
* Propostas de governo - Jânio, Lott e Adhemar
* Carlos Lacerda - Resposta a David Nasser
* Cadeia para os gangsters
* José Amádio apresenta Lott
* José Amádio apresenta Jango
* O Amigo da Onça
* Carlos Estevão
* O Pif-Paf
* O Santo Vicente, por Rachel de Queiroz


30 de julho de 1960

* Fera da Penha: Tânia Maria é agora menina-santa
* E o mundo não acabou
* Carlos Estevão
* O Amigo da Onça
* O Pif-Paf
* A morte pendurada, por Rachel de Queiroz


4 de junho de 1960

* Cannes foi só 'Doce Vida"
* De Cabral a JK - Bananal volta ao Brasil
* O Brasil condena as vítimas
* Em busca da Miss Brasil 1960
* O Amigo da Onça
* O Pif-Paf
* Objeto Voador Não Identificado, por Rachel de Queiroz


7 de maio de 1960
* O futuro já tem capital: Brasília
* Brasil ouviu Juscelino
* Convidados confraternizam com o povo
* David Nasser: Rio, perdoa o ingrato
* Ninguém conhece ninguém: José Amádio apresenta Brasília
* O Amigo da Onça
* Carlos Estevão
* O drama da África do Sul, por Rachel de Queiroz


9 de abril de 1960

* Crime do Sacopã: Bandeira - Liberdade em conta gotas
* Ninguém conhece ninguém: José Amádio apresenta Assis Chateaubriand
* Caso Aída Curi: Ronaldo além de tarado é ladrão
* O Amigo da Onça
* Carlos Estevão
* O Caso do Dr. Vilhena, por Rachel de Queiroz


2 de abril de 1960
* Caso Aída Curi: O júri oficializou a curra
* Bandeira em liberdade
* JK não quer ficar
* David Nasser: Resposta a um crápula
* Elvis Presley
* O Amigo da Onça
* Carlos Estevão
* O Pif-Paf
* Notícias do Banco da Providência, por Rachel de Queiroz


26 de março de 1960

* Brasília: Cidade humana
* A Bela Adormecida do Paraná
* Kim e Zsa Zsa
* David Nasser: Brigue, mas fale, Capitão
* Ninguém conhece ninguém: José Amádio apresenta Jorge Amado
* O Amigo da Onça
* Inferno, por Rachel de Queiroz


19 de março de 1960

* Kim Novak sambou nas ruas
* Ninguém conhece ninguém: José Amádio apresenta Kim Novak
* Os melhores do ano
* Guarujá não veste shorts
* O Amigo da Onça
* Carlos Estevão
* Carnaval e cinzas, por Rachel de Queiroz


16 de janeiro de 1960

* Debutantes de Brasília: A última reportagem de Luciano Carneiro
* O que Gilda quer, Gilda tem
* Copacabana vista por Divito
* Uma boneca para Beatriz, por David Nasser
* O Amigo da Onça
* Carlos Estevão
* O Pif-Paf
* Três mortos no avião, por Rachel de Queiroz

Anos 1950



31 de outubro de 1959

* Crime do Sacopã: Detector de mentiras inocentou Bandeira
* David Nasser escreve a JK: o eunuco dos verdes mares
* Revelado o segrêdo do disco voador
* O Amigo da Onça
* Carlos Estevão
* O Pif-Paf
* Três assuntos cariocas, por Rachel de Queiroz


24 de outubro de 1959

* Crime do Sacopã: Desaba um mar de lama sôbre um inocente
* Os órfãos de pais vivos
* Zé Carlos adotou Pelé
* Cacareco agora é Excelência
* O Amigo da Onça
* Carlos Estevão
* O Pif-Paf
* O homem e suas obras, por Rachel de Queiroz


17 de outubro de 1959

* Crime do Sacopã: Da cela 21 um homem clama por Justiça
* Orlando Silva: um cantor ganha uma rua
* Ternura, teu nome é Luiza
* O Amigo da Onça
* Carlos Estevão
* O Pif-Paf
* Correspondência, por Rachel de Queiroz


10 de outubro de 1959

* Crime do Sacopã: Tenório apresenta três depoimentos fortes
* Paloma, a menor romancista do Brasil
* Lunik II: fuga para o futuro
* O Amigo da Onça
* Carlos Estevão
* O Pif-Paf
* História de beata, por Rachel de Queiroz


3 de outubro de 1959

* Crime do Sacopã: Tenório aponta duas novas testemunhas
* Oito medalhas de ouro: o Brasil no III Pan
* O Pif-Paf
* Carlos Estevão
* O Amigo da Onça
* O cego Aderaldo, por Rachel de Queiroz




26 de setembro de 1959

* Crime do Sacopã: "Eu sabia da sua inocência"
* Glorinha dispensa propaganda
* Um fato em foco: Carlson Gracie sobe ao altar
* O Pif-Paf
* Carlo s Estevão
* O Amigo da Onça
* O dilema, por Rachel de Queiroz



19 de setembro de 1959

* Crime do Sacopã: Trevas do mistério começam a ser rasgadas
* Ludmila
* Romeu e Julieta em palco de cemitério
* O Pif-Paf
* Carlos Estevão
* O Amigo da Onça
* Vitalinas, por Rachel de Queiroz


12 de setembro de 1959

* Tenório acusa o matador do Sacopã
* As duas faces de Márcia de Windsor
* Ser ou não ser Nádia
* Didi no reino dos milionários
* O Amigo da Onça
* O estado são êles, por Rachel de Queiroz



29 de agosto de 1959

* Jura de menina pobre (Sophia Loren)
* Prisão perpétua para o 475
* O Pif-Paf
* O Amigo da Onça
* Gastão, por Rachel de Queiroz



6 de junho de 1959

* Eu amei um gangster
* Justiça para Lampião
* O prêto que virou branco
* O Amigo da Onça
* História do ciúme, por Rachel de Queiroz



30 de maio de 1959

* Vitória que faltou na Suécia - Brasil 2 X 0 Inglaterra no Maracanã
* Cruzada contra a impunidade - David Nasser
* Da cegonha para Ibrahim
* Vão Gogo e o Pif-Paf
* Questionários, por Rachel de Queiroz


Anos 1940


23 de novembro de 1946

* Mistinguette vai casar
* Contrabando no Sul
* O drama do açúcar
* O Amigo da Onça
* O Pif-Paf
* Mimiro, por Rachel de Queiroz

Anos 1930


8 de novembro de 1930

* Um sorriso que promette a victoria
* O Commandante das Forças do Norte
* São Paulo acclama a victoria
* A Junta Governativa Provisoria
* Oswaldo Aranha no Rio
* O empastelamento dos jornaes governistas


Anos 1920


10 de novembro de 1928 (Primeira edição de Cruzeiro)

* Editorial
* O Rio de Janeiro de 1950
* A côr de São Paulo
* A caricatura no estrangeiro
* A Éra das Forças Hydraulicas - Uma visão do anno 2000
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Mais artigos e matérias

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8 de janeiro de 1955

* Um cajueiro criou uma floresta
* Adeus às baianas
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