quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Fumante: o novo excluído, por Cláudio Goldberg Rabin*

Um artigo para pensar e refletir. Nós aceitamos tudo sem pensar...

Fumante: o novo excluído, por Cláudio Goldberg Rabin*

A democracia de massa, por vezes, sofre do pecado do fanatismo. De tempos em tempos, surgem apóstolos que reciclam velhas ideias e tornam qualquer banquinho um púlpito. O Estado e seu inevitável impulso regulador do indivíduo não demoram a adotar esse novo ataque à privacidade humana. É o caso do que acontece agora com os fumantes.

Ao que parece, depois do nazismo e dos campos de concentração, qualquer medida que atente contra a liberdade individual se tornou banal. Só parece. A menção ao nazismo não é gratuita. Hitler era um ferrenho antitabagista. Seu ideal higienista e purificador tratou de aliar o cigarro à doença, à sujeira e à fraqueza, para posteriormente associá-lo aos judeus. Os mesmos judeus que, conforme informava a propaganda nazista, eram responsáveis por infiltrar o cigarro na sociedade alemã, com o vil objetivo de enfraquecer o povo ariano.

Exagero? Talvez. O que se vê, porém, é o fumante cada vez mais acuado. Você fuma? Então não sabe o que faz; logo, é dever de todos tomar medidas de alerta. Nas ruas, os outdoors. Nos meios de comunicação, a propaganda massiva. Nos bares, restaurantes, aeroportos, shopping centers, teatros e cinemas, a implacável expulsão. Nas carteiras de cigarros, imagens vulgares de morte e, até mesmo, valendo-se do que há de mais privado para um homem, a alusão à impotência sexual. Mesmo os muitos anônimos das ruas se julgam no direito de pregar o Evangelho contra o tabaco para qualquer pessoa que esteja com um cigarro entre os lábios.

O cigarro faz mal? Sim. O cigarro causa câncer? Os médicos, na sua habitual incapacidade de curar doenças, alegam que sim. Infarto, bronquite, falta de ar. Sim, tudo isso e muito mais. Acontece que não se está falando de santos. O foco aqui é o homem. E os homens possuem vícios, impulsos de morte e vontade de pecar. Justamente o que nos torna seres humanos. Se existe algo que a doutrina do politicamente correto não aceita, é a imperfeição humana. Sob o júbilo da correção e do olhar dos virtuosos, todos devem ser bons e abster-se do que é ruim. Purificar o corpo. Enganar a alma.

Fumar é um ato egoísta e de extremo individualismo. Ao que parece, um ato insuportável para uma sociedade que busca eliminar as mais elementares diferenças. Já é frequente o comentário de que o fumante é um peso para a saúde pública e, portanto, não deveria receber seus benefícios. O fumo, infelizmente, não isenta ninguém de pagar impostos, e a frase é uma pequena medida do contrassenso que se estabeleceu. Dentro da mesma lógica, quem gosta de álcool já está sendo atacado. Em breve, que ninguém duvide, atacarão até o bacon.

*Estudante de Jornalismo e Relações Internacionais


Fonte: Jornal Zero Hora - Nº 16124 - 14 de outubro de 2009

5 comentários:

  1. Nunca li tanta besteira como essa! Aposto que esse Claudio Rabin é fumante. Incrivelmente ele está culpando os médicos pelo fato de serem "inacapazes de curar doenças". Que babaca esse cara.

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  2. Anônimo,

    É necessário entender o que o autor disse nas "entre linhas", não é somente ler ao pé da letra.
    É um texto para refletir e pensar.
    Marise.

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  3. Marise, tu és uma das poucas pessoas que não me condenaram de imediato. Agradeço pela sensatez.
    Quanto aos cometários anônimos, bom, desses sabemos o quão anônimo são seus padrões éticos e morais.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Cláudio Rabin,
    É uma pena que as pessoas não conseguem enxergar além...questionar, perceber o que está acontecendo e o que pode vir a acontecer.
    Parabéns pelo seu artigo, vou usá-lo nas aulas de Sociologia.
    Abraços,
    Marise.

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