Em 2010, mais um período eleitoral se avizinha. Daqui a meses, os partidos, depois de incontáveis reuniões e sondagens, decidirão as composições e estratégias voltadas ao pleito desde presidente e governadores até senadores e deputados.
Os grandes partidos brasileiros, que, embora integrados por filiados, são dominados pelas cúpulas partidárias, nortearão sua conduta por pragmatismo eleitoral, visando não só ao poder, mas à governabilidade. Atualmente, de nada adianta ser governo se não se puder governar com maioria parlamentar que anule a ação de uma oposição renhida.
Essa governabilidade tem custo político traduzido no loteamento de cargos públicos sobre os quais o Executivo tem controle, servindo de medida do grau da maior ou menor fidelidade partidária e dos aliados.
Uma vez mais, veremos desfilar frente aos olhos crédulos do cidadão incauto uma variada gama de alianças políticas tão ocasionais e espúrias quanto o compromisso que os une, diante da própria fragilidade programática desses partidos. Bastará o primeiro desacerto sobre o butim eleitoral para os acordos prévios ruírem e colocarem em risco a governabilidade.
Nessa análise, merece reflexão a participação do cidadão que é eleitor e contribuinte, já que a democracia é a única forma de governo em que o povo é chamado a decidir sobre o poder de mando.
Ocorre perguntar se os partidos e candidatos sabem o que significa governar por delegação do eleitor animados num espírito cívico e republicano. E, ainda, quais as chances de discutirem a fundo temas que envolvem a vida do cidadão comum de modo objetivo, pois o fim da política, segundo Aristóteles, é a busca da felicidade humana.
Também o cidadão contribuinte gostaria de resposta concreta dos partidos de como e quanto custará que os sonhos políticos se materializem, pois ele pagará a alta conta de eventual irresponsabilidade política e econômica.
Não se vê com frequência, em nossas campanhas, séria discussão orçamentária do tipo: “Temos tanto e vamos gastar tanto com o seu dinheiro, caro eleitor contribuinte”. Isso é reflexo de dois sintomas da nossa jovem democracia: o descaso e despreparo com que partidos e seus quadros veem a sociedade e o desinteresse com que a sociedade vê a política.
Quando houver sintonia nesses dois campos, por certo a felicidade estará mais próxima.
Fonte: Jornal Zero Hora
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