sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ataque à escola do Rio de Janeiro é um marco para acontecimentos semelhantes?

 Apesar da tragédia na manhã desta terça (7) deixar pais, crianças e professores em choque, Renato Alves, especialista do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, afirma: “A escola ainda é um ambiente seguro”.
Ana Paula Pontes


CRESCER - Há como explicar por que esse tipo de tragédia acontece?
RENATO ALVES -
Não conheço estudos sobre esse tipo de situação na escola porque é atípica, diferente do que acontece com mais frequência, como conflitos entre professor e aluno, bullying. As pesquisas são feitas a partir de incidências, e esse é um caso isolado no país e com uma pessoa com problema mental.


CRESCER - Um ataque à escola como esse nunca aconteceu no país? E pode ser um precedente para outros sociopatas?
R.A. -
Se falarmos em grandes centros urbanos, nunca houve casos, mas o Brasil é enorme, então pode ser que não ficamos sabendo de coisas que acontecem em cidades pequenas. É fato que a tragédia é o rompimento de uma fronteira, mas não quer dizer que vai ser regra. A escola continua sendo um espaço seguro. O que choca, claro, é a brutalidade da situação, que entra para o plano das coisas possíveis. Mas, se olharmos para o número de alunos e escolas que temos no país, vemos que é uma exceção.

CRESCER - Nos Estados Unidos, há instituições com detectores de metais. Que medidas de proteção à escola seriam necessárias?
R.A. -
Detector de metais? É não cortar o mal pela raiz. Em primeiro lugar, tem que haver uma política séria de controle do acesso a armas. Como uma pessoa com desequilíbrio mental tem acesso a tanta munição? Ou está muito fácil ou o controle é falho. Outro ponto que merece ser revisto é como é feito o controle de uma pessoa ao espaço interno da escola. A criança precisa ser protegida. E depende de um conjunto de fatores, que englobam políticas governamentais, controle de armas e da escola em monitorar pessoas externas que entram na instituição. O que acontece nas cidades americanas, por uma série de motivos, é diferente do Brasil, como o acesso às armas e o fato de ser uma sociedade mais competitiva, algo estimulado , muitas vezes, dentro da própria escola. Lá, xingar a mãe é menos ofensivo do que chamar você de fracassado. Por isso, há tantos casos de quem sofreu bullying que se revolta e atira contra o professor, os colegas.


CRESCER - Todos nós ficamos com a imprensão de que nem onde se educa há segurança para as crianças...
R.A. -
Como eu disse, a escola ainda é um espaço seguro, um espaço de educação no sentido da palavra, que é conviver com o outro, lidar e tolerar as diferenças. É lá que a criança pode desenvolver tudo isso. Devemos lembrar que há bullying, descompromisso de alguns professores com a educação, drogas e outros problemas corriqueiros, que podem não chocar tanto quanto as mortes das crianças nessa escola no Rio, mas que também são graves.


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. A grande maioria dos professores são comprometidos com a Educação. Ninguém tem o direito de julgar os professores, sem conhecer e vivenciar o seu dia-a-dia.
    A teoria é muito diferente da prática...

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