sexta-feira, 14 de maio de 2010

Educação, Copa e eleição – tudo a ver!, por Odoaldo Ivo Rochefort Neto*


Nosso país recebeu em 2010 várias notícias preocupantes em relação a uma das áreas estrategicamente decisivas para o seu desenvolvimento, a educação. Quase metade dos alunos que prestaram o Enem em 2009 teve notas inferiores à média, em todas as áreas avaliadas. No ranking do Índice de Desenvolvimento Educacional da Unesco, entre 128 países o Brasil ocupa a humilhante 88ª posição. Pior colocado que nações menos desenvolvidas do que nós. Sem educação, não haverá desenvolvimento. Uma estrutura precária de ensino será fonte de inevitável atraso econômico e social.

É preciso reformular imediatamente a formação de nossos professores. Infelizmente, esta categoria está entre as menos valorizadas em termos salariais e os cursos universitários são os menos procurados, a ponto de não abrirem novas turmas de licenciatura por falta de alunos inscritos. Enquanto isso, na Coreia do Sul e na Dinamarca, a licenciatura rivaliza com cursos de Medicina e Direito. Cabe ao poder público e à sociedade brasileira reconhecer e valorizar os desafios que os professores enfrentam diariamente. No Brasil, nem descontar do Imposto de Renda o que é investido na educação de nossas crianças podemos. Mas cirurgia plástica pode.

É fato que o dinheiro público é utilizado por decisões políticas. As obras do PAC estão aí para comprovar isso. Agora, eu lhes pergunto, em quanto tempo construímos uma estrada ou uma hidrelétrica. Alguns meses, talvez um ano! E quanto tempo demoramos para formar uma criança em um profissional qualificado? Quinze, 20 anos? Estamos diante de uma situação que não se transformará de uma hora para outra. Educação é uma emergência nacional. Se a questão educacional não for resolvida, as chances que se abrem para o Brasil poderão ser enfraquecidas ou postergadas. Como diz uma letra dos Engenheiros do Havaí: “Vivemos num país sedento num momento de embriaguez”.

É ano de Copa do Mundo e uma coisa me vem logo à cabeça. Como um país inteiro para para assistir a um jogo da Seleção, grita em uma só voz, e não vibra com a mesma intensidade para pedir mais saúde e educação, o fim da impunidade, acabar de vez com a corrupção, o fim da violência. Alguém pode me explicar isso? É ano eleitoral. Se você perguntar por aí, muita gente sabe a escalação completa da Seleção, a posição que cada jogador ocupa, em que times atuaram etc. Agora, eu pergunto: você sabe quem são todos os candidatos que concorrem à Presidência da República? Qual é o partido de cada um? O que eles fizeram no passado? Em quem você votou na última eleição?

É propício que se renove o debate e repensemos nossas ações enquanto sociedade civil. Tenho consciência de que cada um de nós nasceu para fazer história. Somos capazes, sim, de nos reunirmos para assistir à Seleção e somos capazes, sim, de construir um Brasil melhor e mais justo para todos.


*Professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Porto Alegre

Fonte: Jornal Zero Hora

Um comentário:

  1. Vivemos numa sociedade totalmente individualista, pensamos apenas em algo que nos satisfaz, somos tão consumistas ao ponto de querermos crescer individualmente, porém só teremos um país desenvolvido quando a comunidade começar a trabalhar em conjunto, quando pararmos de sustentar jogadores, que não irão contribuir para o desenvolvimento de nossa sociedade, ai sim poderemos dizer que o Brasil está crescendo.
    Enquanto é investido milhões de reais em copa do mundo, o Brasil ocupa uma das ultimas colocações no ranking de desenvolvimento educacional.
    Brasil vamos tomar atitude!

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