sexta-feira, 19 de março de 2010

P.A.S., por Carlos Eduardo Richinitti*


Sou da geração que nasceu e se criou sob a égide da inflação, aquela que corroía salários e fazia com que o dinheiro valesse menos a cada pôr do sol. Em determinado momento, cheguei a pensar que jamais teria a possibilidade de viver em um país civilizado, onde o preço das coisas fosse o mesmo por meses, quando não por anos. Pois bem, o Brasil, após abandonar planos inconsistentes e aventureiros, a partir de um planejamento bem estruturado, que não pretendia resultados imediatos, praticamente acabou com o mal da inflação.

Este é o exemplo que devemos seguir para enfrentar a violência e a insegurança descontrolada que imperam em nosso país. Chega de discursos ou ações imediatistas. Observe-se que no Brasil, a cada morte violenta que impacta a nação, a reação quase sempre é a mesma, se faz uma passeata e depois se propõe aumento de penas, para depois tudo acabar em esquecimento, até que uma nova vítima da barbárie nos lembre do horror de nosso tempo.

Não tenhamos dúvidas, estamos sob o jugo de um exército de zumbis, filhos da droga, da natalidade irresponsável e da impunidade, verdadeiros monstros, para os quais matar ou morrer não faz qualquer diferença.

Para enfrentar esse verdadeiro estado de guerra, mais do que PAC, o que necessitamos é de P.A.S. (Plano de Aceleração da Segurança), em que haja um planejamento estruturado e competente, que busque resultados não só imediatos. Entre tantas outras medidas, carecemos de uma polícia valorizada, eficiente, atuando com inteligência, de forma concatenada e ostensiva. Afastemos o sentimento de impunidade que impera no país, colocando-se atrás da grade os marginais de gravata que desviam milhões dos cofres públicos e com quem quase sempre nada acontece. Precisamos de um Judiciário forte, que tenha prisões dignas para colocar criminosos e não calabouços medievais, verdadeiras fábricas de monstros, mas também que esteja atento à realidade das ruas, de forma que garantismo seja sinônimo de garantia de punição justa e não do interesse individual se sobrepondo ao de toda uma coletividade.

Vencemos a inflação e podemos acabar com a insegurança que aí está, basta que façamos o mesmo que acabou com aquele mal, estruturando, priorizando e executando um plano consistente, afastando-se soluções midiáticas e imediatistas que a nada levam. Isto é prioridade, até porque de nada adianta ter estabilidade econômica e poder de compra se cada vez for menor a probabilidade de se sair de casa pela manhã e voltar com vida à noite.


*Juiz de Direito

Fonte: Jornal Zero Hora
imagem em: resgatedahonra.blogspot.com

Um comentário:

  1. O meu comentário é através de uma poesia.

    SER(PENTE)

    GENTE
    que MENTE.
    INFELIZMENTE,
    MALEDICENTE.
    PROVAVELMENTE
    PRESENTE-AUSENTE.
    DELINQUENTE
    CARENTE.
    ENTE
    IMPUNEMENTE
    AGENTE.
    PROFUNDAMENTE
    DESCONTENTE.
    VISIVELMENTE
    CONIVENTE.
    NATURALMENTE
    INSOLENTE.
    ESCANDALOSAMENTE
    INCOERENTE.
    SOCIALMENTE
    DOENTE.
    SER PENTE!

    Heloisa Crespo
    2007/02/17

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